Mandetta ensinou (quem diria?) como se desmoraliza Bolsonaro

"Num minuto, parecia que Mandetta seria demitido em questão de minutos. Na outra, aparecia dando pito no seu chefe"

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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Foram semanas de humilhação que o ministro impingiu ao presidente que pouco preside. O jogo demagogo de Jair, que se apoia na postura de vítima, foi sendo corroído. Num minuto, parecia que Mandetta seria demitido em questão de minutos. Na outra, aparecia dando pito no seu chefe. Num terceiro momento, não aparecia na coletiva para, logo depois, aparecer com dois auxiliares afirmando que não aceitava a demissão de um colaborador: "sairemos juntos", bradou. Soube humilhar. Soube se tornar uma figura nacional. Soube calar a esquerda e atrair o centro. Ganhou espaço nas TVs. Humilhou os militares. Cheguei a sentir a gargalhada de Mandetta quando disse que tinha exagerado na entrevista ao Fantástico. Sai por cima. Entrega a sequência de caixões que já desfilam às centenas diariamente. Tudo para contaminar as mãos de Jair e Braga. É assim que se joga. Com paciência. Com astúcia. Trazendo o adversário para o seu campo e, assim, armando um contra-ataque fulminante. Houve um tempo em que se fazia política assim no nosso país. Juro para vocês que era assim. Este estilo foi corroído pelos bolsonarismos e identitarismos da vida. Hoje, Lula deu uma entrevista num importante programa da Bahia. Quem o entrevistou foi um ex-prefeito de Salvador. Com quem conversei e que assistiu a entrevista, o constrangimento era real. Lula só falou do passado. Não propôs nada. Não dialogou com quem está à beira da falência ou da fome. Era dele que se esperava uma fala ou jogada a la Mandetta. *Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum