Bolsonaro levou o humorista Carioca para entregar bananas aos jornalistas que cobrem o Palácio do Planalto na manhã de hoje. Um presidente muito sério, como se percebe. E com isso conseguiu sair sem responder pergunta sobre o pífio “crescimento” do PIB.
Sim atenta amiga, atento amigo, coloquei em aspas o tal crescimento. Vale tanto para registrar que 1,1% não deveria ser chamado por este nome, como também para trazer uma outra abordagem ao tema.
É correto avaliar o crescimento ou queda do Produto Interno Bruto de um país pela sua moeda local, mas não é errado avaliá-lo também em dólar. Até porque quando o Banco Mundial faz as listas das economias do mundo é o padrão dólar o utilizado.
Pois bem, como as contas seriam feitas neste caso.
Nossa economia em 2018 fechou no dia 31 de dezembro com 7,21 trilhões. No último dia de 2019, em 7,3 trilhões da mesma moeda.
Nessas datas quanto valia o dólar? Em 31/12/18 ele era de R$ 3,81. Em 31/12/19, R$ 4.05.
Ou seja, se você dividir os valores em reais do PIB brasileiro em 18 e 19 pelo dólar do último dia desses anos terá os seguintes resultados.
PIB de 2018 = 1,89 trilhão de dólares.
PIB de 2019 – 1,80 trilhão de dólares.
Isso mesmo, atenta amiga e atento amigo, caímos. Tivemos uma redução de 4,8% em dólar no PIB de 2018 para 2019.
Mas se você quiser ousar um pouco mais nas contas, o resultado será ainda pior. Sinalizando uma queda ainda maior para este ano.
O dólar bateu hoje em R$ 4,53. Feitas as contas pelo PIB anunciado hoje, mas que se refere a 31 de dezembro de 2019, o tamanho do nosso produto interno seria de 1,59 trilhão de dólares. E isso significaria uma queda de 15,9% em dólar do final de 2018 para hoje. Apenas 14 meses.
É uma tragédia o resultado do PIB, mas está sendo tratado pela mídia como algo menor.
Na base da palhaçada, o Brasil vai ficando muito mais pobre, perdendo força comparativa em dólar no mundo e ao mesmo tempo queimando reservas.
E voltando a ser apenas um país bananeiro. E há quem esteja morrendo de rir.
PS: Este post usou como base cálculos sobre o PIB em dólar feitos pelo economista Gabriel Zelesco e por Ricardo Boris Henningsen, que trabalha na assessoria do PSOL na Alerj.