Enquanto milicianos e bandidos tomam conta do país, Moro decide se reafirmar como embaixador do extremismo de direita.
Eu tenho pena dos jornalistas que lá em 2018 falavam que o ex-juiz federal seria a voz da moderação, uma das forças de contenção dos vislumbres autoritários de Jair Bolsonaro.
Fui um dos poucos que não caiu no canto da sereia. Moro é um Bolsonaro arrumado, limpo e polido, porém mais perverso.
Até hoje onde Jair não avançou, Moro foi com unhas e dentes.
Já avançou contra jornalistas, já atuou contra os direitos humanos e a Constituição e já fez militância em prol da barbaridade no país com seu enfadonho pacote anticrime.
E agora, no auge do esgarçamento democrático, o ministro da Justiça decidiu aproveitar para passear de tanque pelas ruas ruas de Brasília.
Pergunto: em que ano, em que democracia um ministro da justiça sai desfilando em tanques?
Mas o problema não é apenas o ato em si. O contexto importa é muito!
A extrema-direita está agitando manifestações que pedem veladamente uma espécie de AI-5 com fechamento do Congresso e agitação da soldadesca, pedindo intervenção para generais e ditadura.
É nesse contexto, onde o presidente e seus filhos chancelam a sublevação de policiais militares ao redor do Brasil, que Moro decide passear de tanque.
E não só isso. A pasta pasta comandada pelo duce sulista pediu a abertura de inquérito para investigar roqueiros paraenses que organizam um festival de punk e hardcore chamado “Facada Fest”.
Sim, um Ministério decidiu gastar recursos e tempo contra um festival de música punk, daqueles que geralmente são em algum barzinho chinfrim de privadas sujas e cerveja barrada.
É com isso que o Ministério se preocupa, é demonstração de força.
Chega a ser tragicamente cômico e uma afronta ao estado democrático de direito a ação do ministro.
Se por uma lado Moro decide reduzir a pena de milicianos com seu pacote anticrime, por outro transforma um showzinho de bandinhas em questão de Estado.
No dia em que o miliciano Adriano da Nóbrega foi morto, Moro se manteve no mais absoluto silêncio indecoroso. Decidiu falar sobre programas infantis do século passado.
Ele não quer enfrentar de frente as realidades e questões de um país continental como o Brasil.
Onde estão os jornalistas que comentei no começo desse texto? Quem ainda colocará a mão na fogueira das reputações para afirmar que Moro é moderado?
Já deixou claro que não sente nenhum apreço pela institucionalidade constitucional. E que é a mão que balança o berço da extrema-direita no país.
Moro é um extremista completo, forte contra os pequenos e fraco contra os poderosos.
Anda de tanque de guerra e persegue punks enquanto esquece a existência das milícias.
Até quando parcelas do jornalismo brasileiro irão se curvar para a delinquência institucional personalizada?
Hoje são punks e amanhã sabe-se lá quem mais será vítima do seu extremismo. Uma coisa é fato: ninguém sairá ileso.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum