Vá pro inferno, 2020... Para nosso azar, no ano do vírus havia também um verme

Ninguém vai esquecer este ano. Foi nele que a morte nos rondou em cada esquina. Mais de um milhão e meio de vidas perdidas. Se não bastasse isso, a malignidade do vírus foi desafiada por vermes ainda piores

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Neste mesmo dia, um ano atrás, eu estava em Paris, na Champs-Élysées, entusiasmadíssimo com o ano novo que começaria. Não fazia ideia do tamanho da catástrofe que se abateria sobre o planeta. Havia mais de um século que não ocorria algo parecido.

Poucas semanas depois começavam os alertas sobre o vírus mortal. Mais algumas semanas e ele já tinha se alastrado por toda a Terra. O medo que só conhecíamos pelos livros e filmes de ficção científica tornou-se real. Em pouco tempo estávamos trancados em casa e só púnhamos a cara na rua com uma máscara e sem chegar perto de ninguém.

Angústia, incertezas, medo, sofrimento, cabeça confusa e perturbada. Os dias passavam a conta-gotas e o martírio não cessava. Haveria um remédio? Haverá uma vacina? Perdi uma tia... Depois uma vizinha... Inúmeros amigos perderam parentes e amigos.

O calvário se estendeu por todo o ano de 2020 e só nos últimos dias a ciência deu início à vitória contra o diabólico inimigo invencível. Fiquei profundamente emocionado quando vi o discurso do ministro da Saúde britânico anunciando na TV o início da vacinação. Benditos sejam esses homens e mulheres que vivem enfiados nos laboratórios para nos salvar.

Só que no Brasil a coisa seria diferente. Um tresloucado imoral que se instalou na chefia do governo sabotou durante todo o ano os esforços no combate à doença. Negou a gravidade, ironizou os mortos, incentivou atitudes condenáveis, desestimulou o uso de máscaras, fez campanha para remédio perigoso sem eficácia e, por último, tornou-se elemento-chave do criminoso movimento antivacina, dificultando de todas as formas a chegada de qualquer imunizante ao país, politizando órgãos técnico-científicos de Estado.

Ninguém vai esquecer este ano. Foi nele que a morte nos rondou em cada esquina. Mais de um milhão e meio de vidas perdidas. Se não bastasse isso, a malignidade do vírus foi desafiada por vermes ainda piores.

Enquanto o planeta se protege para virar a página, ainda não conseguimos comprar nem as seringas. É, meus caros... A 10ª economia do planeta, o gigante dos trópicos, não tem nem seringas, que dirá vacinas...

Repito... No desesperador 2020 do vírus, o Brasil foi ainda mais vítima do parasita que veio a tiracolo.

Não vou desejar um feliz 2021, apenas faço votos para que seja pelo menos melhor do que este inferno que se encerra hoje.

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