“Seria o tucanismo uma forma superior (no sentido pós-alçapão do fundo do poço) de masoquismo”?
Recebi esta mensagem de um amigo na noite de domingo, quando saíam os resultados das eleições para prefeito no 2° turno.
Minha resposta foi meio insossa... Não refletia meu desânimo. Vejo amigos animados, “vencemos em Belém”, “em Fortaleza” (por muito pouco), “em Juiz de Fora”, “Contagem”, “Diadema”, “Mauá”... Haja animação! Não quero ser pessimista. Comemoro. Mas acho pouco. São Paulo, Porto Alegre e muitas outras cidades tiveram resultados eleitorais brochantes.
Nos canais de TV, vejo comentaristas animadíssimos: “os extremos perderam”. “O ‘centro’ vence”. Centro, gente equilibrada, para eles, é uma estirpe direitista, escrota do meu modo de ver.
Posso chamar de “centro” o pessoal do DEM (autointitulado Democratas, mas direita de raiz)? “Progressistas” (herdeiros do malufismo)? Solidariedade (nada solidários, turma do Paulinho da Farsa Sindical)? Podemos (que aproveitaram o nome de um movimento espanhol, mas aqui “podem” ser amorfos e golpistas também)? PSD (do Kassab, que é um vai-da-valsa, nome antigo para biruta de aeroporto)? E tucanos (que empinam o nariz e se fingem cultos, probos, preocupados com os rumos do país, mas elegeram Severino para presidente da Câmara dos Deputados para ferrar o governo Lula – ferraram o país, mas isso não tem importância, né? – e, seguindo Aécio Neves, um Trump tropical que não reconhecia a derrota, decidiram não deixar Dilma governar, minaram direto, e foram chaves para o golpe, e contribuíram muito para a eleição de Bolsonaro)?
E tem muito mais... Ex-apoiadores (e mal disfarçados ainda apoiadores) da ditadura e novos adeptos de muitas outras siglas são chamados de “centro”... Gente equilibrada... Sensata... Contra radicalismos, defensores da ordem estabelecida, sem mudanças... Centro o cacete!
Pensando nisso, fiz uns kaikais pós-eleitorais. Mas não me restringi a isso, para não ficar chato demais. Fiz uns com base em ditados populares, outros com base em anagramas (palavras com as mesmas letras e significados diferentes...) e outros, ainda, com palavras homófonas ou homógrafas, mas com sentidos totalmente diferentes.
E variei para assuntos meio diversos, só abobrinhas, enfim...
Eleitores pacovas
Em vezes de bolos
Preferem covas!
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Não gostam do olho,
Gostam da remela:
Não votaram na Manuela!
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Bolsominium em surto:
Não rincha
Porque tem pescoço curto.
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Não fizeram com o Bozo...
Antes que o mal cresça,
Corta-se a cabeça
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Bozo é só mumunha...
Igual gato sonso,
Dá unhada e esconde a unha.
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Preces da ministra da mulher...
Quando o diabo reza,
Enganar-te quer.
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Eleitor safado:
Tal amo,
Tal criado.
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Não me olhe feio
Remédio de doido
É doido e meio.
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Armando os bolsomíniuns?
Espada na mão de sandeu,
Perigo de quem lha deu.
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Ninguém nasce sabendo.
E tem quem cresça
Não querendo.
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Cada vez mais gasto,
Ainda tem quem gosta
Do maluco nefasto
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A situação é grave
Mas parece que se verga
A oposição suave
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Na calada da noite
O político calado
Faz acordo safado
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Brigas de sobra:
É cobra
Comendo cobra
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O governo se apruma?
Burro não amansa:
Acostuma!
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Oferecer propina ao sacana
É igual perguntar ao macaco
Se ele quer banana.
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Vocês verão
Que no verão
Terá um calorão
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Ganhei um monte de cachaças
Fui beber apreciando o ocaso
No alto do monte, por acaso