Profissionais da educação estão em greve de fome em Curitiba.
O que leva trabalhadoras e trabalhadores a adotarem essa medida extrema? Quais as reivindicações da categoria?
Há uma semana os professores e demais profissionais da educação iniciaram uma nova greve de fome diante da ameaça da vida e do emprego de mais de 30 mil trabalhadores(as) da educação.
Déficit histórico de concurso público e ameaça de terceirização
No Paraná há um déficit histórico de concursos públicos para a área da educação. A secretária de formação da CUT- Paraná e diretora da APP Sindicato NS Paranaguá, Cida Reis, denuncia: "Ao invés do governo do estado abrir concurso público, em plena pandemia lança um edital para um PPS- Processo Seletivo Simplificado- que pode ampliar a pandemia e de imediato demitirá 10 mil funcionários que serão substituídos por empresas terceirizadas e 20 mil professores contratados perderão seu trabalho. Apenas 4 mil professores serão selecionados pelo Edital 47/2020. Como 4 mil professores darão conta de substituir 20 mil?"
Segundo a APP-Sindicato, o edital 47/2020, documento que institui uma prova para o Processo Seletivo Simplificado (PSS), a qual será realizada no próximo dia 13 de dezembro, põe em perigo a vida de milhares de pessoas, pois há cerca de 50 mil inscritos para a avaliação que ocorrerá de forma presencial, aumentando o risco de contágio da Covid-19. O Sindicato enfatiza que o Estado precisa revogar o edital 47/2020, respeitando a saúde e o emprego dos(as) milhares(as) de profissionais PSS’s.
Na pauta está ainda a denúncia de que o governo Ratinho Jr. quer fechar turmas e escolas, especialmente no período noturno o que impede os jovens trabalhadores de terem acesso à educação pública.
Em nome da categoria, a APP- Sindicato reinvidica a revogação do edital e da prova; a renovação dos contratos de professores(as) e funcionários(as) de escola atualmente contratados(as) de forma temporária pelo processo seletivo simplificado; o pagamento do salário mínimo regional e de promoções e progressões; concurso público para suprir o déficit de educadores(as), além da manutenção das turmas de ensino noturno nas escolas incluídas no processo de migração para o modelo cívico-militar.
Custo para o Estado e sem garantias para os professores
Cida Reis denuncia ainda que a prova (que ampliará o desemprego e colocará a vida de dezenas de milhares de profissionais em risco) custará aos cofres públicos 3,5 milhões. Além disso, os professores que fizerem a prova não terão garantia alguma que serão contratados.
Nas redes os professores paraenses se manifestam explicando o esdrúxulo edital de Ratinho Jr:
Uma longa história de luta e resistência
Ainda está na memória do povo brasileiro a resistência dos professores paranaenses de 49 dias de greve, em 2015, contra o pacote de austeridade e a brutal repressão que sofreram do governo de Beto Richa.
Greve de fome faz parte da história de luta dos profissionais da educação no Paraná. Em 2000, durante a gestão do governador Jaime Lerner, os professores realizaram uma Greve de Fome de mais de 15 dias contra o fim dos concursos públicos, a mudança de contrato dos concursados para CLT e a nomeação de diretores.
Ato virtual de apoio aos professores
Está marcado para hoje, 25/11, às 20h, um ato virtual que convida a sociedade a apoiar e prestar solidariedade aos professores e demais profissionais em greve de fome contra o edital 41/2020. Para demonstrar respeito e confortar os/as professores/as e funcionários/as de escolas públicas do Paraná em greve de fome há 7 dias, a APP-Sindicato convida a categoria, estudantes, pais e mães e comunidade escolar para participar de um ato virtual. O sindicato solicita que sejam enviadas fotos e vídeos com velas, lanternas e pratos vazios.
"Às 20 horas em ponto, convidamos todos(as) que puderem. Liguem e desliguem as luzes de casa, acendam uma vela, liguem a lanterna do seu celular. Durante o dia, façam fotos com prato e panela vazios e cartazes utilizando a hashtag #fomedejustiça. Esta energia positiva para chegar em (as) Nossos(as) bravos guerreiros(as). São luzes para a luta”, enfatiza a secretária de Funcionários(as) de Escola, Nádia Brixner.