Domingo é dia de eleição. O coração-cidadão já bate forte. Desde criança sou um apaixonado por política. Adorava, ainda antes dos 10 anos, ver os programas de TV dos candidatos da Arena e do MDB. Era o que tinha. Logo na minha adolescência, ainda católico, apaixonado pela Teologia da Libertação, descobri-me socialista. De lá pra cá, mudei de denominação religiosa, de cidade, até mesmo de teologia, mas uma coisa não mudei: sempre estou à esquerda!
E toda época de eleição escuto a mesma ladainha de muita gente: Você não pode ser cristão e socialista (comunista, de esquerda, petista, etc)! E sempre me perguntam como concilio a fé cristã e o socialismo. Bem, isso eu vou responder no curso que darei sobre essa temática aqui no Fórum Educação, mas de antemão sempre respondo que estão fazendo a pergunta errada para a pessoa errada. Quem deve responder alguma coisa sobre conciliação é quem se diz cristão e capitalista. Isto sim não combina!
Sim! Sou evangélico e de esquerda, com muito orgulho! E não vejo a mínima possibilidade de ser outra coisa. Ser evangélico e socialista, para mim, é uma espécie de pleonasmo existencial. É a lógica simples. A consequência natural das coisas. Se entendeu os ensinamentos do Cristo, logo, será socialista!
Cristo fez a opção pelos pobres e mais do que “fazer a opção”, ele ERA O POBRE. Sentiu na pele os preconceitos sociais (um discípulo chegou a perguntar, quando foi conhece-lo, se “poderia vir alguma coisa boa de Nazaré?”). Denunciou a riqueza dos poderosos e a exploração dos pobres, tanto pelo Império quanto pela religião. Foi perseguido política e religiosamente, viveu o exílio na infância e sofreu a tortura e a morte por parte de seus opositores.
É por isso que, como cristão, creio que devemos ir às urnas neste domingo certo de não votar em NINGUÉM que use a fé para manipular pessoas e explorar o pobre. Como seguidor do Cristo, jamais poderia votar em quem defende que a população se arme para “coibir a violência” (o que só gera mais violência). Como um discípulo de Jesus, que conviveu, conversou e até mesmo curou pessoas de outras confissões religiosas, sem “exigir” delas qualquer espécie de “conversão”. Não posso votar em alguém que quer impor a sua fé sobre o país. É dever do cristão lutar pelo Estado laico.
Sim! É com muito orgulho que domingo meu coração estará com a “esquerda”. Que seja esse o culto no domingo, o voto consciente e a favor do pobre e do oprimido, pois é esse, segundo a própria Bíblia, o culto com o qual Deus se agrada. “Soltar as correntes da injustiça, desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper todo jugo. Partilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu que você encontrou, e não recusar ajuda ao próximo” (Isaías 58:6,7).
Bota fé (a fé verdadeira, do Cristo!) que dá!
Amém!