Sim, querido leitor, como disse minha querida amiga Magali Cunha: “cristofobia” é o “kit gay” dessas eleições. Ainda ouviremos muito essa palavra até o fim da corrida eleitoral deste ano. Por “cristofobia” entenda-se, na linguagem de quem o criou, qualquer crítica ao fundamentalismo perverso que insiste em dominar o país, impondo goela abaixo do povo brasileiro as mais toscas interpretações bíblicas como se fossem verdades inquestionáveis e necessárias para a tão sonhada “pátria cristã”. Nada mais distante da verdade.
Até mesmo os episódios chilenos, onde manifestantes queimaram algumas igrejas por ocasião de 1 ano das manifestações que pararam o Chile estão sendo usados como símbolo de “cristofobia”, o que não corresponde, em nada, à verdade. As igrejas foram queimadas não por pregarem o evangelho, muito pelo contrário. Foram queimadas como símbolo de instituições que apoiaram o governo ditador, sanguinário e perverso de Pinochet. Você pode até discordar do ato em si (queimar um prédio), mas dizer que isso foi “cristofobia” é de uma leviandade imensa, uma mentira deslavada, prática, aliás, bem comum no atual governo.
Até porque, se levarmos a fundo a ideia de alguém que entra num templo e causa arruaça e destruição, poderíamos dizer, com a licença aqui de usar “cristofobia” como a aversão ao culto que se presta ao Deus-Pai de Jesus, que Jesus foi o primeiro “cristofóbico”. Ele não aguentou a hipocrisia daqueles que usavam a religião para explorar os pobres e transformaram a religião em negócio. Entrou no templo, e com um chicote, expulsou de lá todos os que estavam “lavando dinheiro” no lugar sagrado. Quanta “cristofobia”.
Mais tarde, ainda disse que aqueles que querem se dizer cristãos, deveriam ser o “sal da terra”, mas deixa um aviso: “se o sal se tornar insípido, para nada mais presta além de ser jogado fora e pisado pelos homens.” Que imagem forte, não? Pois é, para Jesus uma igreja que não tem mais função na sociedade, que defende ditaduras, que propõe a violência como solução, que apoia genocídios e genocidas, não presta para nada. Deve ser “pisada pelos homens”. E em momento algum ele diz que isso seria “cristofobia”.
Quando fala, em seu famoso “sermão do monte”, que seriam bem aventurados os que fossem perseguidos por causa do Evangelho, disse que assim seriam desde que seus “perseguidores” estivessem MENTINDO, o que não é o caso, no Brasil. Muito pelo contrário, por incrível que pareça a igreja está sendo exposta (e não perseguida) por ser ela mesma uma das maiores propagadoras de MENTIRAS na nossa sociedade. Pois é… merece ser pisada pelos homens, e isso quem diz é Jesus, que para malafaias e bolsonaros, com certeza, seria taxado de “cristofóbico”.
E seria crucificado por isso. De novo. “Em nome de Jesus”.