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OPINIÃO
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Com mais de 23 milhões de habitantes, a República da China (Taiwan), terá eleições no próximo sábado (11) para eleger deputados e a/o próximo presidente do país.
Com a redemocratização do país que consolidou o fim da ditadura do Kuomintang (Partido Nacionalista Chinês), eleições diretas são realizadas desde a década de 90.
Fruto da Guerra Civil Chinesa (1927-49) e refúgio dos anticomunistas, liderados por Chiang Kai Shek, após proclamação da República Popular da China (comunista), a ilha tornou-se um dos enclaves capitalistas mais simbólicos da Guerra Fria e ainda vive suas contradições com Pequim.
Beneficiária de voluptuosos recursos das potências ocidentais durante a chamada Guerra Fria, viveu seu milagre econômico entre a década de 50 e 80, tempos em que ao lado de Hong Kong, Singapura e Coréia do Sul eram propagandeados como os “Tigres Asiáticos”.
Com índices de desenvolvimento humano considerados “muito altos” e a desigualdade “média”, a política taiwanesa se divide entre frações anticomunistas à direita e à esquerda.
O partido governista, Partido Democrático Progressista (DPP), considerado de centro-esquerda, defende o nacionalismo taiwanês, um maior distanciamento de Pequim e políticas liberais em termos comportamentais, como igualdade de gênero e direitos LGBT.
Por sua vez, o maior partido de oposição, o conhecido Kuomintang, que foi hegemônico na ilha de 1928 a 2000, é conservador nos costumes e defende o nacionalismo chinês. Considerado como sendo de centro-direita, o rival dos comunistas na Guerra Civil é hoje defensor de uma aproximação com Pequim, porém mantendo a independência, o critério da não-violência e rejeitando o sistema comunista.
Tal contexto vem sendo mantido na ilha desde o início dos anos 90, com o fim da ditadura e a realização de eleições diretas.
Em 2005, Hu Jintao (então presidente comunista) visitou Taipé, esperando uma visita a Pequim dos taiwaneses - que acabou não acontecendo. Sob ameaça interna de lideranças que tratavam a aproximação como uma “traição” aos princípios da república, uma colaboração inaceitável com os comunistas.
Neste sentido, o DPP vem se revezando com o Kuomintang no poder desde a década de 90, sendo que em 2016, elegeria a advogada e professora, Tsai Ing Wen (foto), presidenta da república - agora candidata à reeleição.
Com a marca de ter sido a primeira mulher eleita para o posto, Tsai quebrou mais dois paradigmas simbólicos: ser a primeira líder com descendência da população nativa da ilha frente a etnia Han (Mandarim), bem como ser solteira - em uma sociedade extremamente machista.
Por sua vez, o principal candidato opositor é o nacionalista (Kuomintang), Han Kuo Yu, é prefeito da cidade de Kaohsiung - uma das maiores do país. Parlamentar desde 1990, ele destaca seu mandato como prefeito, ataca a ineficiência do governo de sua opositora e o populismo da adversária em questões como a compra de armas ocidentais e as medidas liberalizantes e assistencialistas para setores populares.
Pesquisas
Com a onda de protestos violentos que já leva mais de um ano em Hong Kong, aparentemente a baixa popularidade e criticismos contra Tsai foram diminuindo. Com três candidatos à presidência, Tsai aparece como favorita nas últimas pesquisas de opinião. Com intenções de voto acima das do seu partido para votação parlamentar.
As pesquisas indicam liderança de Tsai na disputa com cerca de 45% de intenção de voto contra 24% de Han. Na disputa das listas parlamentares, o DPP da presidente aparece com um máximo de 38% contra 37% do Kuomintang. Sem grandes alardes, Pequim acompanha de perto o processo eleitoral, sem grandes expectativas de mudança e esperando não reproduzir as polêmicas ainda vistas em Hong Kong.