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OPINIÃO
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- Nesta quarta (4) foi mais um daqueles dias de passar vergonha internacional. Em um dos seus já costumeiros arroubos verbais, Bolsonaro atacou a Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU e ex-presidente do Chile, Michele Bachelet. Tratou-se de um ataque bastante ofensivo, com referência direta ao pai da chilena, morto em decorrência de tortura durante a ditadura de Pinochet. A própria Michele e sua mãe também foram torturadas na época. A desavença surgiu por um posicionamento da alta comissária sobre a democracia e os direitos humanos no Brasil. Em Genebra, Bachelet disse em entrevista que há “redução do espaço democrático” no Brasil, com “ataques contra defensores dos direitos humanos e restrições impostas ao trabalho da sociedade civil”. Ela se referiu, ainda, ao aumento da violência policial no país e aos ataques a instituições de ensino. A Alta Comissária disse, também, que desde 2002 o Brasil é um dos cinco países do mundo com o maior número de assassinatos de ativistas de direitos humanos.
- O ataque de Bolsonaro gerou revolta no Chile. Um dos primeiros a se pronunciar foi o presidente do Senado, Jaime Quintana, e a ele se somaram vários parlamentares, como a senadora Isabel Allende, filha do ex-presidente Allende, e mesmo o deputado do partido de direita UDI, Issa Kort, integrante da comissão de relações exteriores da Câmara dos Deputados. Vários usaram a palavra “miserável” para se referir a Bolsonaro e na noite de quarta (4) a hashtag #bolsonaromiserable era a mais comentada no Twitter do Chile e uma das mais comentadas no Brasil. A saia mais justa coube ao presidente Piñera, que em declaração no palácio La Moneda disse que “não compartilha da alusão de Bolsonaro a Bachelet e seu pai”, ao mesmo tempo em que disse por rádio que Bachelet deveria ter “justificado suas opiniões devidamente”. Piñera se junta a Macri e Marito Abdo, presidentes da Argentina e do Paraguai, respectivamente, que têm se dado mal internamente por se aproximarem em demasia de Bolsonaro.
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- Para colocar mais lenha na fogueira, na noite de quarta (4), o Itamaraty divulgou comunicado, ressaltando a indignação do governo brasileiro com as declarações da alta comissária. Segundo a nota, “não é a primeira vez que a Alta Comissária trata o Brasil com descaso pela verdade factual” e o Itamaraty está disposto a “restabelecer os fatos sobre a real situação dos direitos humanos no Brasil”. E para completar o circo, está, nesta quinta (5), em agenda oficial em Brasília o chanceler chileno Teodoro Ribera, em visita marcada há bastante tempo. Ele vai se encontrar com o chanceler Ernesto Araújo no Itamaraty. Também se reunirá com Doria em São Paulo. Ribera já estava em voo para o Brasil quando se deram as mais fortes repercussões sobre o caso no Chile. Assim que chegou ao Brasil, o chanceler divulgou um vídeo com um desagravo a Bachelet. No vídeo, ele diz que “a República do Chile reconhece e valoriza” a contribuição da ex-presidente ao país. - Lembre-se que o Brasil está neste momento lutando por um assento no Conselho de Direitos Humanos da ONU e precisa de, no mínimo, 97 votos. - Vencida a pauta da novela sul-americana, vejamos a novela do Brexit, que ganhou novos capítulos nas últimas horas. Quarta (4) foi um dia de derrotas para Boris Johnson. Após ser derrotado por 328 votos a 301 no seu direito de pautar a sessão na Câmara dos Comuns, veio a derrota por 327 votos a 299 com a aprovação da lei que impede um Brexit sem acordo. Esta lei ainda precisa ser aprovada pela Câmara dos Lordes e, posteriormente, vai para a assinatura da Rainha (lordes e rainha não tem poder de veto). Derrotado, colocou na mesa uma moção para novas eleições gerais e foi derrotado novamente. Ele precisava de 434 votos favoráveis para aprovar novas eleições. Votaram a favor 298, contra 56, além de 288 que se abstiveram de votar. Para aumentar a tensão do drama, na manhã desta quinta (5), Jo Johnson, irmão de Boris, demitiu-se do Parlamento e do governo britânico. Ele era ministro da Educação. Alegou estar dividido “entre a lealdade familiar e o interesse nacional”. Irmão Jo é contra um “hard” Brexit. - Acontece nesta sexta (6), em Letícia, na Colômbia, um encontro entre alguns presidentes de países da região amazônica. Venezuela foi excluída. - O projeto de lei de extradição, que foi o estopim dos protestos em Hong Kong nos últimos meses, foi retirado de forma definitiva pela líder executiva Carrie Lam. O projeto permitia a extradição de pessoas indiciadas para julgamento nos tribunais da China continental. Líderes dos protestos disseram à imprensa que a medida não é suficiente e que continuarão mobilizados por novas eleições. - Começou na quarta (4) na Cidade do Cabo, África do Sul, e termina nesta sexta (6) o Fórum Econômico Mundial sessão África. O evento ocorre em um momento em que ataques xenófobos têm ocorrido no país. Presidentes de, pelo menos, três países, Nigéria, Ruanda e Malawi, se pronunciaram nos últimos dias sobre os ataques e declinaram de participar do encontro. Os países da África acabaram de assinar, em junho, um Acordo de Livre Comércio Continental Africano. O conflito, na verdade, revela uma disputa de liderança continental entre África do Sul e Nigéria. - Na Argentina, os protestos em todo o país para que o governo decrete emergência alimentar dada a situação econômica do país têm sido fortes. As manifestações foram reforçadas por um documento assinado por secretárias e secretários de desenvolvimento social de algumas províncias (San Juan, Tucumán, Chaco, La Rioja, La Pampa, Formosa, Tierra del Fuego e Santa Cruz), em que pedem a decretação de emergência alimentar. Enquanto isso, nova pesquisa eleitoral divulgada na quarta aponta que Fernández já tem 46,1% das intenções de voto para presidente da Argentina. O que lhe daria vitória no primeiro turno. - Na Bolívia, o vice-presidente Álvaro García Linera divulgou na quarta (4) que o governo já empregou mais de 11 milhões de dólares para combater os incêndios florestais na região da Chiquitania. - Susan Wojcicki, presidente mundial do YouTube, anunciou grandes mudanças na plataforma, especialmente para os canais direcionados para o público infantil. Em poucas palavras, é o fim da monetização dos canais infantis do YouTube. A decisão veio após o Google receber uma multa de US$ 170 milhões por ter obtido grandes benefícios via o YouTube, ao utilizar ilegalmente informações pessoais de menores de idade sem o consentimento dos pais. Google e Youtube violaram a Lei de Proteção de Privacidade Online Infantil dos EUA. A legislação norte-americana prevê a obtenção de consentimento dos pais para coletar informações sobre menores de 13 anos.