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OPINIÃO
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As páginas amarelas da revista Veja exercem, para a esquerda, um fascínio semelhante ao que aquelas armadilhas luminosas que, colocadas estrategicamente sobre a mesa, atraem e torram insetos distraídos.
Mesmo no auge de sua popularidade nefasta, quando era praticamente o braço armado das classes dominantes contra os governos do PT, as amarelas conseguiam seduzir quadros da esquerda para seu abismo editorial.
Foi lá, por exemplo, que o senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, anunciou que iria deixar o partido, em plena convulsão golpista - tramada com a ajuda da Veja - contra Dilma Rousseff, em 2015. Não saiu. Mas o vexame está na internet, para quem quiser ler.
Desta feita, a vítima foi Rui Costa, governador da Bahia.
Rui, a bem da verdade, não disse nada demais: reiterou sua posição sobre a prisão injusta de Lula, mas ponderou que, ao fazer alianças, o PT deveria levar em conta a necessidade de não impor o #LulaLivre a futuros aliados.
Também admitiu que, na sua visão pragmática de política, às esquerdas deveriam ter se unido em torno do nome de Ciro Gomes, por ora, no PDT, para vencer as eleições de 2018.
Nesse último caso, não se trata de nenhum desvario. Ciro era, sim, uma opção de convergência, à época, quando não sabíamos que ele iria fugir para Paris, como um príncipe ressentido, após ser relegado ao terceiro lugar que, insistentemente, a História tem lhe reservado.
Quanto ao #LulaLivre, embora seja uma posição honesta, Rui cometeu um desses sincericídios que a luz mágica das páginas amarelas da Veja parece suscitar na esquerda nacional para, justamente, se voltar contra ela.
Colocou o governador contra a direção do partido, jogou um balde de água fria nos ânimos levantados pela #VazaJato e, o pior de tudo, tem obrigado Rui a, reiteradamente, ficar se explicando - um espiral de ruídos negativos que, quase sempre, deixa alguma mácula na narrativa de quem por ele é aprisionado.
Em tempos ultraconsolidados de comunicação em rede, com dezenas, centenas de plataformas digitais de informação disponíveis sob todos os aspetos, é difícil acreditar que essa arapuca da Veja ainda funcione.
Mas funciona.