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OPINIÃO
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As esquerdas se assanham, achando que a “ficha tá caindo” na grande mídia que, desesperada, tentaria se descolar de uma figura tóxica. Simultaneamente é lançado o filme “Eu Sou Brasileiro”, drama de “superação” e autoajuda com muitos atores globais, protótipo do tipo de filme que Bolsonaro quer ver a Ancine fomentar... São instantâneos da atual guerra semiótica criptografada que, como de costume, as esquerdas não conseguem fazer uma leitura, a não ser aquela que a grande mídia e Bolsonaro querem que elas façam. Mas há sinais de inteligência semiótica que as esquerdas deveriam prestar atenção: a trolagem do livro “Por Que Bolsonaro Merece Respeito, Confiança e Dignidade?”, com 198 páginas em branco
Em editorial do jornal O Globo publicado nessa quarta-feira intitulado “Descontrole de Bolsonaro afeta relações externas” (14/08/2019), o diário carioca enquadra o presidente como uma variável indesejável e perigosa para a Nação.
O texto qualifica as novas quebras de decoro do presidente como um fator de risco para o País. Fala sobre “Má educação”, “fixação escatológica”, “má educação e inconveniência” de alguém que “não se adequa à liturgia e representatividade do cargo que passou a ocupar.
E fecha texto alertando: “o presidente se torna um risco para o País”.
A jornalista Miriam Leitão (cuja única crítica que conseguia formular ao candidato Bolsonaro era de que “nada se sabe sobre seus projetos de economia”) agora é mais enfática: para ela, o capitão da reserva virou “empecilho para a retomada da economia brasileira”. Por que? Porque estabelece prioridades como cortar o cabelo e furar reuniões com chanceler francês, atacar a Alemanha e insultar argentinos.
“É com erros assim que Bolsonaro vai erodindo a confiança na economia”, dispara a veterana jornalista que acreditava que bastaria a presidenta Dilma fosse tirada do Poder pelas pedaladas fiscais para o “mercado” renascer das cinzas, tal como uma Fênix.
Bolsonaro pode ser criticado por qualquer coisa, menos pelo seu “sincericídio”: em toda sua vida política e, principalmente na campanha eleitoral, jamais escondeu o que pensa. Suas atitudes toscas e intempestivas sempre foram propositalmente disparadas para câmeras e microfones. Afinal, ele se tornou um meme vivo que, como tal, não se rege pelo princípio de sedução como na velha propaganda política.
Memes não seduzem. Memes “mitam”, “lacram”.
[caption id="attachment_184357" align="aligncenter" width="640"] Memes não seduzem, lacram...[/caption]
Enquanto era conveniente para afastar Lula e o PT (afinal, sobrou apenas ele mesmo para desempenhar esse papel), editorialistas e colunistas da grande mídia silenciaram.
Ou fizeram até mais, para protege-lo de si mesmo: ao perceberem que a última esperança branca era uma figura irremediavelmente tosca e autoritária, resolveu poupá-lo ao máximo, com a estratégia do discurso indireto - locutores, apresentadores, repórteres e colunistas passaram a falar por ele para esconder do resto do público o discurso bárbaro. Afinal, como uma espécie de meme ambulante, as lacrações de Bolsonaro eram apenas para consumo interno dos convertidos à camisa amarela que urravam por “golpe militar constitucional” nas domingueiras.
Tudo isso demonstra que vivemos um acirramento da guerra criptografada, que cada vez mais confunde o público. E principalmente as esquerdas.
O objetivo dessa estratégia semiótica é criar a aparência de que a grande mídia está jogando Bolsonaro ao mar, de que esgotou a paciência com suas escatologias (afinal, falar de “cocô dia sim, dia não” saído da boca presidencial não pega bem para as crianças na sala diante da TV) e de que, com apenas oito meses, esse governo parece com os dias contados.
E as esquerdas continuam andando a reboque da pauta da grande mídia. E, por isso, se assanham: comemoram que a mídia “está abandonando a criatura” ou exultam de que “tá caindo a ficha”, com aquele tom de campeão moral: “eu bem que falei!...”.