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OPINIÃO
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O Partido Democrático Trabalhista (PDT), lar de personalidades ilustres como Brizola e atualmente Ciro Gomes, possui alguns dilemas em seu interior.
Enquanto a direção nacional do partido e Ciro Gomes se colocam como uma linha de resistência crítica e firme ao bolsonarismo, diretórios regionais vão na direção contrária.
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Ciro, que durante o primeiro turno chamou Bolsonaro de “nazista filho da puta”, divide fileiras em seu partido com figuras como o juiz Odilon, que fez campanha para o candidato de extrema direita Jair Bolsonaro nas redes sociais.
https://www.facebook.com/100010018818878/videos/736029940074293/
O juiz se tornou famoso no período em que atuou no município de Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai (entre 2004-2005). Condenou mais de 100 traficantes, entre grandes chefões do crime como Fernandinho Beira-Mar.
Atualmente já aposentado, se filiou no PDT, partido no qual atua em uma aguerrida militância contra a fantasiosa ideologia de gênero.
A postura rendeu uma denúncia para o PDT contra o ex-juiz. Segundo testemunhas, o juiz teria se referido à comunidade LGBT como uma “comunidade de pederastas” e se referido ao Movimento dos Sem Terra (MST) como: “esse povo só entende na base da bala”.
A denúncia foi enviada ao partido de Odilon, juntamente com um vídeo em que ele diz tais coisas.
Tentei adquirir o suposto vídeo, mas o clima em Mato Grosso do Sul é de tensão total para os movimentos sociais. Segundo relatos de militantes do MST e de outros movimentos sociais, eles estariam indo embora do estado, e até mesmo do país, temendo o resultado das eleições que acabou dando chancela para a selvageria da extrema direita.
Odilon não esconde sua admiração pelo presidente e não é muito difícil ver “declarações” em suas redes sociais:
https://www.facebook.com/juizodilon/videos/1314395152034759/?__xts__%5B0%5D=68.ARB37zwY5CeRBRtczdWP0mcEnVk3bTwvNefk8knJ2pAOkYK7wjwYCjT3nkyetAJ0dJmfL3H0FELO4Wa-bRMmV8daEn392FmkyLldiIoymg5ef_JC7peXWfZDFGI_Fr3u-tZZVKSgzrBehVQFRySA95LRhDw_JbgZ_owoPmVkXlyfwte8LKc8aiz4inhB0YLy7ueejt5dCnURoy-Xptt1hFHE&__tn__=-R
O PDT se encontrou em crise no segundo turno das eleições de 2018, onde prometeu um “apoio crítico” a Fernando Haddad, ao mesmo tempo que diretórios regionais abraçaram a candidatura de Jair Bolsonaro.
Pelo menos 15 membros do Diretório Nacional enviaram carta à Comissão de Ética do partido pedindo a expulsão de candidatos ao governo, que iriam disputar o 2º turno, por apoiarem Jair Bolsonaro (PSL) para presidente: Amazonino Mendes (AM), Carlos Eduardo Alves (RN) e o juiz Odilon (MS).
Até o momento, o partido não se pronunciou de maneira contundente sobre o que fará com os candidatos, apesar de o presidente do partido, Carlos Luppi, ter declarado que
integrantes do partido estão proibidos de apoiar Bolsonaro.
Ao mesmo tempo, temos Tabata Amaral (PDT-SP), que vai na contramão do partido, ao afirmar que votaria em favor da reforma da Previdência, mesmo recebendo uma advertência do presidente do PDT de que seria expulsa tomando tal atitude.
Foi Tabata que afirmou: “Essa coisa de esquerda e direita ameaça a democracia”.
A postura, não só de Tabata como de outros membros dentro do PDT, é um verdadeiro acinte a figuras históricas do partido, como Leonel Brizola.
A fundação do PDT se deu com a Carta de Lisboa, de 17 de junho de 1979. Com a iminência da assinatura da Lei da Anistia, Leonel Brizola, que, após a morte de João Goulart, se tornara o líder natural do trabalhismo democrático brasileiro, convocou personalidades progressistas que se encontravam no exílio, assim como outros jovens vindos do Brasil, ao “Encontro dos Trabalhistas do Brasil com Trabalhistas no Exílio”, realizado na cidade de Lisboa, em Portugal, para um congresso com vistas a reorganizar o movimento trabalhista no Brasil.
Deste Encontro, produziu-se a Carta de Lisboa, documento que continha as bases programáticas do partido político que Brizola pretendia reorganizar no contexto da redemocratização, que se anunciava no fim da década de 1970.
Brizola era um ferrenho defensor da democracia brasileira e lutou arduamente contra a ditadura militar de 1964 e, também, contra a tentativa de golpe em 1961.
Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, foi líder de um movimento de resistência, pregando a legalidade, ou seja, a posse de Jango (como João Goulart ficou conhecido).
Brizola falava ao povo pela Rádio Guaíba e iniciou o movimento denominado a rede da legalidade. Os discursos de Brizola eram transmitidos a partir de um estúdio montado no porão do palácio, onde Brizola, segurando uma metralhadora, sob orientação do engenheiro Homero Simon, que cuidou para que rádios do interior retransmitissem a programação.
Em ondas curtas, a legalidade alcançava ouvintes em outros estados e mobilizava a população.
A sociedade e a história precisam saber se Carlos LuPpi e o PDT de hoje se colocarão ao lado da memória do fundador de seu partido ou se ficarão do outro lado, do lado de quem Brizola sempre combateu.
Caso o PDT, e principalmente Carlos Luppi, promovam um expurgo de tais figuras dentro dos quadros do partido, nos resta perguntar:
Qual caminho Tabata tomará? PSDB ou Novo?