Cartas do Pai: “Desarme-se!”

Será que passaremos a viver como no Velho Oeste? Cada um com uma arma na cintura e, na dúvida, atirar antes, com medo de levar um tiro primeiro?

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Rio de Janeiro,22 de maio de 2019. Pai, Tá uma discussão sobre a liberação do porte de armas que você nem imagina. A desculpa é que seriam armas pra gente se defender, mas foi liberado também a venda de fuzis. Quem usa fuzil como arma para defesa pessoal, pai? Tá todo mundo louco! Já tem uma fila de espera na fábrica de mais de 2 mil fuzis. Imagina a paz que vai ser, com um monte dessas armas rodando por aí! As pessoas sobem num patinete, e não te respeitam mais. Imagina com um fuzil na mão. Esta semana um colecionador de armas desceu de seu carro de luxo e atirou em um morador de rua. Por quê? Porque ele tinha armas. E qual a graça de comprar uma coisa se não puder usá-la? Nenhuma né? Então, ele resolveu usar. E como arma serve pra matar, ele foi lá e matou. Simples assim! E as fábricas de armas agradecem. Quanto mais armas, mais violência. Quanto mais violência, mais gente querendo comprar armas. Até todo mundo se matar. Aí, acaba. E essa campanha pelas armas faz mais uma coisa. Ela transfere pra gente a obrigação de dar segurança pra nossa família. Não falam mais de melhorar a polícia, falam de dar uma arma pra você mesmo se proteger. Pronto, tá resolvido! Não podemos mais cobrar do Estado. Eles vão falar pra gente comprar uma arma, em vez de tentar melhorar a segurança pública. Será que passaremos a viver como no Velho Oeste? Cada um com uma arma na cintura e, na dúvida, atirar antes, com medo de levar um tiro primeiro? Não! Eu ainda prefiro o que você dizia, pai: “Amar os amigos, desarmar os inimigos!” Um beijo do seu filho, Ivan
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.