Fim de semana é marcado por manifestações em defesa da União Europeia em vários países do continente

Ana Prestes: “As atividades tiveram como centro a defesa da paz, o repúdio ao nacionalismo da extrema direita, a promoção da diversidade e das garantias de justiça social, a defesa dos direitos humanos, em especial de refugiados e migrantes”

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- O vice-presidente Hamilton Mourão iniciou neste domingo (19) uma visita à China. Ele presidirá a V Sessão Plenária da COSBAN (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação) no dia 23 de maio. Mourão será recebido por Xi Jinping, presidente da República Popular da China, o vice-presidente Wang Qishan e o presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, Wang Yang. A COSBAN, que foi criada no governo Lula, em 2004, é o órgão decisório de acompanhamento do Plano Decenal de Cooperação Bilateral, que nasceu no governo Dilma em 2010 e foi desdobrado em um Plano de Ação Conjunto em 2015, também sob o governo Dilma, e que até agora está paralisada. A China é o principal parceiro comercial do Brasil, sendo que no ano passado (2018) os principais produtos brasileiros comprados pela China foram a soja, combustíveis, minérios de ferro e seus concentrados. Já os principais produtos chineses comprados pelo Brasil foram plataformas de perfuração ou de exploração, dragas, produtos manufaturados em geral, circuitos impressos e outras partes para aparelhos de telefonia. Esse comércio em 2018 movimentou um montante de 98,9 bilhões de dólares, sendo que o superávit brasileiro bateu o recorde e foi a 29,5 bilhões. Xi Jinping deve vir ao Brasil em 2019 para participar da XI Cúpula dos BRICS nos dias 13 e 14 de novembro. (Com informações do Itamaraty). - Para o presidente da Câmara de Comércio Brasil-China, Charles Tang, com Mourão na China o Brasil terá a oportunidade de “reassegurar que considera a China um parceiro importante”. Isso ganha relevo principalmente por conta do mal-estar gerado com as declarações de 2018 do agora eleito presidente do Brasil, J. Bolsonaro, que chegou a dizer que a China não estava “comprando produtos do Brasil, mas o Brasil” dando a entender que o país asiático queria controlar setores essenciais da economia brasileira, como o da energia. Outro fato que criou distanciamento foi a visita que Bolsonaro pai fez com os filhos em 2018 a Taiwan. Ainda segundo Tang, o fato de que Mourão será recebido por Xi Jinping é sinal de prestígio, uma vez em que os encontros costumam ser entre autoridades do mesmo escalão. Em 2013, Temer, como vice-presidente de Dilma, também foi recebido por Xi. - Ainda sobre a visita de Mourão à China, uma novidade que pode surgir é a incorporação do Brasil ao projeto “Belt and Road Initiative”, que é a Nova Rota da Seda. Segundo Steve Tsang, presidente da “SOAS China Institute”, em Londres, citado em matéria da BBC News, “um apoio (brasileiro) à iniciativa significa, basicamente, dizer que Bolsonaro não quis realmente dizer o que disse antes (sobre a China estar comprando o Brasil). Já se Bolsonaro mantiver o discurso anterior, então a China vai fechar as portas para o Brasil participar da iniciativa”. O governo brasileiro sofre pressão da “ala olavista” para se afastar da China. Segundo o astrólogo encrenqueiro de plantão, “a China é hoje a maior potência genocida anticristã do planeta – e, aliás, uma potência que só pensa dia e noite em dominar o mundo”. - Ainda sobre China, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, venceu um embate dentro do governo Bolsonaro com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Trata-se do apoio brasileiro a um chinês na eleição para diretor geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação). O ministro Araújo queria apoiar o candidato da Geórgia, Davit Kirvallidze, ex-ministro da Agricultura do país, que teve problemas fronteiriços com a Rússia e é apoiado por Donald Trump. Uma francesa também é candidata competitiva, Catherine Geslain-Lanéelle, mas a França é tradicionalmente protecionista no setor agrícola e não receberia o apoio brasileiro. - Cristina Kirchner, a favorita nas pesquisas para as eleições presidenciais argentinas deste 2019, surpreendeu a comunidade política latino-americana e mundial com o anúncio deste sábado (18) de que será candidata a vice-presidente nas primárias eleitorais obrigatórias de agosto. Como cabeça de chapa ela e seu grupo escolheram Alberto Fernández, que foi chefe de gabinete do presidente Néstor Kirchner e da própria Cristina nos primeiros meses de seu primeiro mandato como presidente. Ele é considerado um peronista moderado e que pode angariar apoios mais amplos do que Cristina. Muitos entenderam o posicionamento dela como uma tentativa de salvaguardar a chapa de possíveis investidas da justiça contra ela, mas também como gesto de humildade e amplitude na política, com a finalidade de eleger um projeto, independentemente de quem encabeça a chapa. - Enquanto isso, na Bolívia, o final de semana foi de grande agitação e manifestação popular em apoio ao lançamento da candidatura presidencial de Evo Morales pelo MAS. Evo irá para a disputa na intenção de conquistar seu 4º mandato presidencial. São impressionantes as imagens de milhares de pessoas se dirigindo a Chapare onde foi feito o ato de lançamento. - Maduro se pronunciou na sexta (17) sobre a conversa iniciada com a oposição na Noruega. Ele disse que a intenção dos dois representantes do governo venezuelano, Jorge Rodríguez (ministro da informação) e Hector Rodríguez (governador de Miranda), é construir uma agenda pacífica. Juan Guaidó também reconheceu os encontros, mas disse que se trata ainda de um “esforço de mediação”. A Noruega disse que as conversas com os “representantes dos principais atores políticos da Venezuela” estão em “fase exploratória”. - Começa nesta terça-feira (21) em Paris a reunião da OCDE e, apesar da promessa de Trump, não é esperado um apoio formal dos EUA ao ingresso do Brasil na organização. Os diplomatas americanos dizem que ainda não tiveram orientação para remover o veto norte-americano ao Brasil. Havia uma expectativa de que Argentina seja aceita como candidata agora, a Romênia em setembro e o Brasil em 2020, no entanto. A UE também quer a Bulgária na organização e os EUA estão dizendo que a ampliação não pode ser indiscriminada. Após a reunião, no dia 23 de maio, haverá um fórum de debates sobre o futuro da OCDE, também em Paris, e lá deverá ser discutida a política de novos ingressos. A retirada do veto americano indicará apenas que os EUA “permitem a candidatura” e não um ingresso automático. O processo de entrada pode durar até cinco anos. É bom lembrar que “em troca desse ingresso” o Brasil abriu mão do tratamento especial e diferenciado na OMC e, além de perder benefícios, deixou de apoiar os parceiros de BRICS, Índia e China, no âmbito da OMC. Em um cenário de prováveis mudanças na OMC, que jogarão contra os países em desenvolvimento. - O final de semana foi de protestos e manifestações na Europa em defesa da União Europeia. Só na Alemanha foram registrados atos em Berlim, Colônia, Frankfurt, Hamburgo, Leipzig, Munique e Stuttgart. Houve também na Bulgária, Dinamarca, Espanha, França, Holanda, Hungria, Itália, Polônia, Reino Unido, Romênia e Suécia. As atividades tiveram como centro a defesa da paz e o repúdio ao nacionalismo da extrema direita. Também foi defendida a promoção da diversidade e das garantias de justiça social, a defesa dos direitos humanos, em especial de refugiados e migrantes. - Como contraponto à marcha pró-União Europeia, houve em Milão, na Itália, no sábado (18), uma manifestação de apoiadores de líderes de partidos nacionalistas e de extrema direita da Europa. O evento foi promovido por Matteo Salvini, visto hoje como o mais popular líder da extrema direita europeia. Ao lado da francesa Marine Le Pen, Salvini quer construir uma aliança da ultradireita com cerca de 12 partidos com a pretensão de se tornar a principal força política do legislativo europeu. Salvini tem uma retórica xenófoba e anti-imigração e a constrói com os governos nacionalistas da Hungria, Polônia e República Tcheca. As eleições para o parlamento europeu serão esta semana entre os dias 23 e 26 de maio. - EUA, México e Canadá parecem ter chegado a um acordo para eliminação de tarifas sobre a importação de aço e alumínio. A venda de produtos americanos para México e Canadá sem tarifas ou sem “grandes tarifas” abre caminho para ratificação do T-MEC, um pacto que está sendo construído para substituir o NAFTA. Mas, como nada vem de graça, para ter a anistia das tarifas, o México precisou aprovar uma reforma trabalhista e o Canadá se unir ao EUA para combater a entrada de aço e alumínio vendidos pela China na América do Norte. - Ocorreram ao longo da última semana, em Buenos Aires, as conversas para avançar na negociação do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Segundo a chancelaria argentina, houve “progressos em todas as áreas”. - Um vídeo envolvendo o vice-primeiro-ministro da Áustria eletrizou a Europa este final de semana. No vídeo, Heinz-Cristian Strache, que é líder do Partido da Liberdade (FPO) de extrema direita, aparece conversando com duas pessoas, sendo um assessor seu, e propõe estabelecer contratos públicos lucrativos envolvendo um jornal de grande circulação em troca de apoio para sua campanha eleitoral. Com a circulação das imagens, o vice-premier e o assessor que aparece no vídeo renunciaram aos seus cargos no sábado (18) e disseram que seu comportamento foi “estúpido, irresponsável e errado”. O fato levou o premier Sebastian Kurz a chamar eleições antecipadas para setembro de 2019. - Na Índia foram encerradas as eleições neste domingo (19). O processo teve início em 11 de abril e envolveu cerca de 900 milhões de pessoas aptas a votar. A contagem dos votos deve ser na próxima quinta (23). O Partido do Povo Indiano (BJP), do atual primeiro-ministro Narendra Modi, deve conquistar maioria no parlamento, com aproximadamente 300 cadeiras, das 543; o partido de oposição Congresso Nacional Indiano (INC) deve vir em segundo lugar. Na Índia, uma maioria simples forma governo.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.