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OPINIÃO
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Sérgio Moro mandou a Força Nacional de Segurança ocupar a Esplanada dos Ministérios. Justamente quando indígenas, professores e outros tantos caminham para fazer de Brasília um caldeirão democrático. Ao invés de investigar duramente as milícias no Rio de Janeiro, prefere tentar calar o clamor popular. Dilma, quando das manifestações do #nãovaitercopa, já havia feito o mesmo. O neofascista João Doria, tem posto a polícia em prontidão para reprimir. Witzel mandou a polícia matar: sem julgamento, sem condenação, sem chance. O fato é que o establishment não suporta as tensões democráticas.
Aliás, o que é a democracia que vivenciamos se não uma plutocracia que convida seo João e dona Maria a legitimá-la a cada dois anos?
Como diz Renato Rovai, os golpes contemporâneos “não são”, eles “vão sendo”. Os golpes sempre têm motivações políticas e econômicas. Mas eles se dão de maneiras diferentes conforme a época. Atualmente, se apoiam em várias táticas complementares nas quais as urnas e as mídias sociais, dentre outras, se legitimam reciprocamente.
Há uma guerra no Brasil. E não há santos. Nem juízes, nem sacerdotes, nem deputados de alto ou baixo clero, nem promotores, nem milicianos e nem paneleiros.
Nosso jogo político não é democrático. Repito. O fato de termos eleições não quer dizer que estamos numa democracia.
A democracia é a turbulenta e constante disputa pela expansão da esfera pública. Não é o sistema de governos. E, no Brasil atual, só há otoridades: estão tentando fazer o povo desaparecer.
As investigações tendenciosas, o silenciamento de parlamentos e movimentos sociais, a compra de jornalistas, o big data promotor das narrativas hegemônicas, o fim do sistema de seguridade social, a Força Nacional impedindo manifestações, as milícias generalizadas são a antessala de uma ditadura explícita. E, junto a isso, sem dúvida há uma guerra híbrida que instala o ódio à democracia no nível da vida cotidiana. Isso não é por acaso.
Todos nós estamos sendo distraídos e estimulados ao desprezo pela participação política. Estamos amando odiar a política. E isso interessa a muita gente.
Não é pouca coisa a submissão da pauta e instituições ambientais aos interesses do agronegócio nacional e internacional. Não é pouca coisa a tentativa de acabar com a já muito frágil educação pública. Não é pouca coisa a morte da juventude negra, a violência contra as mulheres e a intolerância generalizada. A rua é o lugar da democracia, da diversidade e da tolerância. Quando a rua é anulada, quando ficamos com medo do dissenso, nada mais interessa além da própria sobrevivência.
O jogo está no fim. A rua ficou perigosa.