Escrito en
OPINIÃO
el
A intuição de Bolsonaro sobre o preço do diesel - e dos combustíveis em si - está correta, afinal, é fato que a Petrobras e o governo Temer erraram a mão bizonhamente em praticar a paridade do preço do barril do petróleo e do dólar para os preços dos combustíveis.
Basicamente, qualquer flutuação, seja da moeda, seja do petróleo, pesa diretamente no bolso do consumidor brasileiro que nada tem a ver com esse mercado perverso da especulação.
Por isso, a comparação do atual presidente com os números inflacionários do país faz certo sentido: como grande insumo para a economia do país, o petróleo e seus derivados precisam sempre ser considerados em políticas nacionais, e não apenas visando aumentar o lucro das empresas envolvidas.
Vale lembrar que o país não tem infraestrutura atual para ser autossuficiente em explorar, produzir, refinar, distribuir e vender os derivados internamente, por isso fica cada vez mais refém dos preços internacionais. Portanto, a Petrobras realmente prejudica a sociedade ao se assumir uma empresa de mercado, com lucro a todo custo.
Muita gente critica a Dilma pelo o que foi praticado de 2011 a 2014, inclusive apoiadores do governo petista. Contudo, o debate completo sobre esse fato precisa considerar que naquele tempo o país inteiro tinha emprego, comida na mesa e perspectiva de crescimento, pois os juros não foram utilizados para “desaquecer o mercado” (eufemismo para gerar desemprego), como queria em 2013 o futuro ex-presidente do BC, Ilan Goldfajn.
Se não fosse o boicote do Congresso (até mesmo Bolsonaro agora vê do que o Legislativo é capaz) e toda crise política que culminou no Golpe e na destruição das nossas instituições, o país passaria bem mais tranquilo por toda a crise econômica. E os investimentos da Petrobras seriam cruciais para isso.
Contudo, infelizmente, intuição não é suficiente para governar. O que o governo deveria fazer com a Petrobras é usar sua prerrogativa como acionista majoritário e escolher conselheiros, presidentes e diretores que sejam capazes de formular uma política de preços que encontre o equilíbrio entre o prejuízo para a sociedade e para a própria empresa.
E isso passa, urgentemente, em cancelar qualquer tentativa de venda das refinarias atuais que, entregues ao mercado, tendem a praticar o preço que quiserem sem a menor perspectiva de competição.
Basta ver os diversos postos de gasolinas que temos espalhados pelo país que aproveitam a flutuação dos preços para aumentar a margem de lucro sem sequer pensar em “competir” para atrair mais clientes.
Como bem colocou o petroleiro Tiago Franco, em tweet comentando o vídeo do Coordenador da Federação Única dos Petroleiros, José Maria Rangel: “Precisamos de uma política transparente, técnica, que prioriza o interesse público e respeita o equilíbrio econômico da Petrobras".
Preço de combustível não deve ser formado pelo humor de quem não entende nada, nem pela mão invisível do mercado. Precisamos de uma política transparente, técnica, que prioriza o interesse público e respeita o equilíbrio econômico da Petrobrás. Zé Maria da @FUP_Brasil fala sobre pic.twitter.com/fU2oh7HYEH
— Tiago Lula Franco (@tiagofrancobr) 13 de abril de 2019