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OPINIÃO
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Eles sempre tiverem mais votos em regiões do Rio de Janeiro dominadas pelas milícias, mas isso era coincidência.
Eles condecoraram milicianos que estavam envolvidos em assassinatos, mas isso era coincidência.
Eles tinham pessoas empregadas em seus gabinetes que foram presas por envolvimento com as milícias, mas isso era coincidência.
Eles foram os únicos políticos com relevância eleitoral a não se pronunciar sobre o assassinato de Marielle, porque, segundo eles, não tinham coisa boa dizer, mas isso era coincidência.
Seus principais candidatos a deputados no Rio quebraram a placa de Marielle, mas isso era coincidência.
O chefe de gabinete do atual senador da família foi pego com depósitos bem acima do que recebia de salário e tem inúmeras fotos e relações com milicianos, mas isso era coincidência.
A assessora, parente de milicianos, assinava cheques deles na Assembleia, mas isso era coincidência.
O capitão deles mora no mesmo condomínio em que foi preso o acusado de assassinar Marielle, mas isso foi coincidência.
Um dia antes da prisão do suposto assassino de Marielle no condomínio em que Bolsonaro mora, o presidente da República postou uma mensagem no Twitter ameaçadora à jornalista Constança Rezende, do Estadão. O fato dela ser filha de Chico Otávio, que cobre milícias no Rio de Janeiro há tempos, e que soltou a matéria de hoje, em O Globo, com exclusividade antes das 6h da manhã, também foi só coincidência.
Vivemos num país de coincidências. Onde coincidentemente os bandidos dão as cartas e os que os investigam estão sendo ameaçados de morte (Jean Wyllys e Márcia Tiburi, por exemplo) e ou têm que se exilar ou têm que viver sob escolta policial. Mas isso é só coincidência.
Depois do Twitter de Bolsonaro, fico imaginando o quanto deve ter sido difícil para Chico Otávio seguir com a reportagem que já estava em curso. E o quanto sua filha, Constança Resende, deve ter sofrido. Mas tudo é só coincidência.
Tudo, tudo é só coincidência.