Carta do Pai: “Telejornal supera o racismo”

Nós tivemos sorte, né?! Tivemos mães que nos ensinaram a respeitar, a entender isso tudo e a brigar pelos direitos dos outros!

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Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 2019 Pai, Esta semana, pela primeira vez, a Maju Coutinho, uma jornalista negra, está apresentando o Jornal Nacional. Tá certo que já tivemos um homem negro na bancada do JN, o Heraldo Pereira, que, com certeza, teve que ralar dobrado pra conseguir sua vaga. Mas uma mulher, todos nós sabemos, tem que batalhar o dobro de um homem! Uma negra, então, tem que batalhar o dobro de um homem negro. É o dobro do dobro, pai! Ela foi a garota do tempo por um longo período, e já teve que aguentar o que nenhuma outra mulher sofreu ali, com mensagens de ódio e ofensas, por causa da cor de sua pele. Com essa promoção imaginava-se que ela teria um pouco mais de respeito. Mas eu sabia que não teria! Um apresentadorzinho já conhecido por ofender os outros, resolveu postar aquelas fake news que te falei, dizendo que a Glória Maria é que tinha sido a primeira, mas com o objetivo apenas de desmerecer a conquista da Maju. Lógico que os racistas de plantão estão até agora divulgando a mentira. A Glória Maria também sofreu muito pra conseguir seu espaço, quando foi apresentadora do Fantástico, assim como tivemos a Zileide Silva apresentando o Jornal Hoje. O problema é que quando a Glória Maria apresentou o Fantástico, as pessoas tinham vergonha de ser racistas. Hoje essas pessoas têm orgulho! Brancos, que nunca sofreram preconceito, que acham que é tudo frescura. Desdenhando das dificuldades que nunca tiveram. Nós tivemos sorte, né?! Tivemos mães que nos ensinaram a respeitar, a entender isso tudo e a brigar pelos direitos dos outros! Obrigado mãe! Obrigado vó! Um beijo do seu filho, Ivan

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