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OPINIÃO
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Quem, como eu, passou os últimos 30 anos como jornalista militante, em Brasília, sempre soube que Jair Bolsonaro era um desqualificado absoluto. Um sujeito simplório, ignorante, mas esperto o suficiente para ter vislumbrado na comunidade de baixas patentes das Forças Armadas um nicho eleitoral eficiente.
Nessa alcova, elegeu-se repetidamente deputado federal, ora pregando o fechamento do Congresso Nacional, ora dando abrigo a mulheres de praças e oficiais que iam bater panela na Esplanada dos Ministérios em nome das reivindicações salariais dos maridos.
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Sua presença era risível, no pior sentido, dentro do Parlamento, onde transitava sem amigos ou aliados, um espectro que provocava somente desprezo e asco, nas poucas vezes que abria a boca para tratar sobre qualquer coisa.
Que Bolsonaro tenha se tornado presidente da República diz muito mais sobre o tipo de sociedade que nos tornamos - individualista, mesquinha e ignorante - do que sobre ele mesmo.
Ao vê-lo vociferando sobre jornalistas, sob aplausos e mugidos da claque de idiotas estacionada no Palácio da Alvorada, digo, sem titubear: Bolsonaro não mudou em absolutamente nada.
Continua o mesmo alucinado que escarrava impropérios contra repórteres, quase sempre mulheres, nos corredores da Câmara. O mesmo parlamentar que desrespeitava colegas - sempre mulheres - com agressões de baixíssimo calão, com modos de psicopata.
As revelações de que o filho mais velho, Flávio Bolsonaro, o 01, comandava o crime organizado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro serviu apenas para jogar sua personalidade caótica no campo da irracionalidade absoluta.
A permanência desse sujeito na presidência da República deixou, faz tempo, de ser um exotismo político. Trata-se, agora, de um insulto civilizatório que ameaça o próprio conceito de democracia, sob qualquer aspecto, mas sobretudo, o moral.