Aos que se incomodam e criticam jornalismo de redes

A história do Leonardo DiCaprio podia ter passado absolutamente batido. E agora a repercussão é mundial. E pode ter bons efeitos para o debate ambiental no Brasil. Jogou mais luzes ainda nessa questão.

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Há muita gente que ainda não se deu conta que as redes são espaços públicos e que aquilo que nelas circula permite fazer reportagens. E muitas dessas pessoas ainda fazem "bico" quando postam algo e vêem a repercussão do que escreveram ou disseram numa publicação. Segue o fio. Publicar ou dizer algo pelas redes é o mesmo que falar numa palestra, por exemplo. Se tiver um jornalista e ele achar aquilo relevante, bingo. Pode virar matéria. Com a diferença que no presencial, você pode falar que estava num ambiente acadêmico, que falava entre amigos e tal. Nas redes não. Você sabe que fala com milhares. Ou até milhões. Se o que disse tem a ver com a sua vida pessoal, pode até cobrar que se considere algum nível de privacidade. Mas mesmo assim não é algo que seja absoluto. Se você é persona pública isso pode virar notícia. Se um presidente da República comenta no Twitter com um amigo que cometeu um crime isso não fica no campo da privacidade, percebem. Ao mesmo tempo se um professor universitário critica nas redes um colega ou diz que não gostaria de participar de uma mesma revista que ele escreve isso também já não é algo privado, percebem. Mas por que estou escrevendo este fio, porque cada vez mais a Fórum tem dados pequenos furos a partir da cobertura de redes. E às vezes aparece alguém pra criticar. E vejam como são as coisas. A história do Leonardo DiCaprio foi a gente que deu. Podia ter passado absolutamente batido. Porque quando vi o post do Dudão falando aquela asneira, já faziam 4 horas da publicação e ninguém tinha repercutido. Ninguém tinha puxado pelo óbvio, que ele culpava o DiCaprio pelos incêndios. E nós fizemos isso e a repercussão foi imensa. O que levou o papis a comentar o assunto em sua live. E agora a repercussão é mundial. E pode ter bons efeitos para o debate ambiental no Brasil. Jogou mais luzes ainda nessa questão. Também foi a Fórum que deu primeiro o caso do idoso assassinado a pontapés por um bolsonarista em Balneário Camboriú e a história do médico assediador a partir de postagens de tuítes do namorado da vítima. Demos mais de uma centena de reportagens assim só em 2019. Jornalismo de redes que se chama. Às vezes é mais relevante e outras vezes menos. Mas já é um gênero jornalístico. Como investigativo, opinativo, literário etc. Há quem goste, há quem não. Eu já fui fã de jornalismo literário. Hoje, não mais. Enfim, era isso que eu queria dizer, porque dá uma agonia ver o preconceito e a limitação com que algumas pessoas se referem a gêneros específicos do jornalismo digital. Por ignorância ou má-fé. Por interesse ou falta de interesse. Se quiser debater este assunto à sério, estou aqui. Se quiser apenas ficar batendo em gêneros jornalísticos que não gosta ou não pratica, aí vai bater em outra freguesia.