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OPINIÃO
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Após 580 dias como prisioneiro em Curitiba, Lula voltou às ruas do país. Apesar de solto, o ex-presidente ainda merece um julgamento justo, conduzido por um juiz de verdade e não por um político, que o condenou apenas para tirá-lo da disputa eleitoral.
O que o Supremo Tribunal Federal fez foi respeitar a Constituição, em uma cláusula pétrea que garante a presunção de inocência e a execução da pena somente após o chamado trânsito em julgado, quando não cabe mais recurso no processo.
Ouvir Lula com o microfone na mão aumenta nossa convicção sobre sua importância para reconstruir o Brasil. Só sua liderança é capaz de evitar a convulsão social que se aproxima e só ele pode unificar os não fanáticos contra o projeto de destruição comandado por Bolsonaro.
A liberdade de Lula tem que representar a retomada do funcionamento das instituições garantidoras da democracia, pois, fora delas, só existe a barbárie. Elas têm a obrigação de frear a escalada autoritária e antirrepublicana promovida pela cruzada obscurantista.
Neste domingo, desencadeou-se um caso em um país vizinho que mostra que o rompimento da ordem constitucional pode gerar o caos. Enquanto escrevo este texto, a Bolívia mergulha em uma convulsão social, com o risco de uma guerra civil.
A imagem símbolo do golpe de Estado em curso na Bolívia dialoga diretamente com a realidade brasileira. A foto da invasão do palácio presidencial pelo líder opositor Luis Fernando Camacho, ajoelhado com uma bíblia sobre a bandeira boliviana, comprova que a democracia na região é ameaçada por uma espécie de Estado teocrático-miliciano, que chegou ao poder no Brasil graças às eleições fraudadas pela retirada do líder das pesquisas e pela manipulação por meio de notícias falsas e caluniosas.
Como bem pontuou o jornalista Jânio de Freitas, “sem o Estado de Direito, o que viceja é o Estado de Direita”. Assim, a convulsão social só interessa ao minoritário grupo que ainda segue Bolsonaro. Resgatar a força das instituições que garantem a democracia é um dos desafios para a sociedade brasileira. O outro é coalizar amplas forças políticas e econômicas em um projeto de salvação nacional para enfrentar a crise.
Lula e o PT só chegaram ao governo central em 2002 porque mostraram o melhor projeto para tirar o povo da miséria e promover o desenvolvimento econômico. E cumpriram a missão, levando o Brasil a melhorar em todos os aspectos. A confiança do povo foi renovada e o PT venceu quatro eleições presidenciais. E desde que foram apeados do governo pelo golpe de 2016, o país caminha a passos largos em uma profunda crise econômica, social e institucional.
Em seu discurso em São Bernardo, Lula apresentou números que expressam o retrocesso do país nos últimos anos, como o fato de metade da população viver com R$ 413 por mês. E mostrou que segurança social se constrói com emprego, educação e cultura para os mais jovens.
Agora, é hora de Lula percorrer o Brasil debatendo novas ideias, propostas criativas e modernas pra enfrentar o desemprego e as desigualdades. Construir a convergência da maioria em torno de uma política macroeconômica em que os milionários terão que abrir mão de parte dos lucros para que os miseráveis e os de menor renda tenham mais oportunidades.