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OPINIÃO
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Com a queda do governo (junho de 2018) do então primeiro-ministro, Mariano Rajoy (Partido Popular - PP), a partir de uma “moção de censura” sob denúncias de corrupção, Pedro Sánchez (Partido Socialista Operário Espanhol - PSOE) acabou por assumir o posto de primeiro-ministro temporariamente.
Com o fim da legislatura, Sánchez liderou a vitória do seu partido nas eleições abril de 2019, porém não conseguiu em formar uma maioria estável para governar o país.
Com o fim do bipartidarismo entre PP e o PSOE que marcou a redemocratização espanhola, desde a morte do ditador Franco (1979), as eleições no país ibérico ganharam novas características, com um inédito multipartidarismo.
Cansados dos “velhos partidos” e com profundos questionamentos, os novos agrupamentos surgiram com expressividade eleitoral, à esquerda e à direita do cenário eleitoral. Enquanto o PP tenta se desvencilhar das denúncias de corrupção e da crise econômica herdadas por seu governo, o PSOE busca mostrar-se renovado, com uma nova geração liderada pelo primeiro-ministro, economista e ex-jogador de basquete, Pedro Sánchez.
Preterido pelo PSOE para formação de governo após a eleição de abril de 2019, mais à esquerda o Unidos Podemos (fundado em 2014), pode ser a única alternativa para barrar o crescimento da extrema-direita no país. Como fruto dos protestos que marcaram a crise econômica-financeira (2007-11), setores da moderada esquerda socialista temem setores “mais extremistas” da agremiação liderada pelo Professor Pablo Iglesias, em especial diante de problemas regionais - como o caso catalão.
Com 5 eleições em uma década, os partidos espanhóis têm encontrado dificuldades para formar e manter governos estáveis em seu sistema parlamentar, neste sentido, o primeiro-ministro, Pedro Sánchez (PSOE), que demonstra um perfil de esquerda moderado, que dialoga com temas polêmicos como a imigração, o independentismo catalão, uma maior autonomia para comunidades, desenvolvimento econômico com valorização da classe trabalhadora, respeito ao meio ambiente e protagonismo feminino, tem mostrado ceticismo com um governo puro de esquerdas.
Apesar de ter retomado a popularidade nos últimos três anos, até então em queda. O PSOE viu rival histórico, o PP, cair bastante em seus últimos resultados eleitorais, não obstante não conseguiu conquistar setores de centro, como muitos líderes do partido almejavam.
Segundo, os resultados escrutinados (91,23% - 10/11/2019 | 19:53h), apesar de ter se consolidado novamente como a primeira força nacional – 28,1% do total de cadeiras da câmara baixa do Parlamento, esse número é insuficiente para formar um governo só do partido.
Pior do que o prosseguimento do impasse entre as esquerda, foi o crescimento expressivo do partido de extrema-direita, Vox, que desde abril de 2019 vem galgando mais eleitores e agora pode alcançar até 15% consolidando-se como terceira força política, deixando para trás a direita liberal (Cidadãos) que deve conquistar 6%, aproximando-se do tradicional PP que deve ter cerca de 20% dos votos.
O impasse entre o PSOE e Podemos após a eleição de abril de 2019, foi marcado por posições profundamente divergentes em pontos cruciais, como na questão catalã e posições “estratégicas” no governo.
*Vinicius Sartorato (@vinisartorato) é jornalista e sociólogo. Mestre em Políticas de Trabalho e Globalização pela Universidade de Kassel (Alemanha).