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OPINIÃO
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Ao afirmar que não “troca sua dignidade pela liberdade”, Lula não disse uma mera frase de efeito. Ele repetiu o que tinha dito no ano passado, quando fizeram chegar ao seu conhecimento a proposta indecorosa de ganhar a liberdade em troca da desistência de disputar a presidência da República.
Quando jogou sua dignidade no rosto dos procuradores da Lava Jato, eles ficaram sem reação, pois não estão acostumados a lidar com um valor tão forte como a dignidade de Lula.
Para o ex-presidente, a decisão de liberdade condicional não tem nada de magnânimo, pois visa apenas aliviar a pressão contra Sérgio Moro, denunciado de suspeição no julgamento do ex-presidente, como está mostrando o Intercept.
A dignidade demonstrada por Lula ressoa como algo incompreensível porque é um valor que, por falta de uso, atrofiou-se no meio político e nas instituições da República brasileira.
Por isso a grande mídia ataca, dizendo que ele está fingindo dignidade e que faz isso calculadamente.
Os procuradores da Lava Jato, vendo a sua proposta rejeitada, vingam-se de Lula impondo uma multa de quase 5 milhões de reais.
Estão em desespero, porque a narrativa da Lava Jato está indo por “água abaixo”. Então, retiram em seguida essa multa indevida.
O fato é que a realidade está mostrando que nenhuma força reacionária consegue dobrar a força moral de Lula. Ele fez de sua cela a trincheira da luta para provar sua inocência e defender sua honra.
Por isso não apenas Moro e Dallagnol têm a certeza de que Lula é inocente, mas igualmente todos nós do campo da esquerda, das forças progressistas e grande parte do povo brasileiro, que viveu o seu governo de inclusão social. E, agora, com as revelações do Intercept e do livro do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também vários setores do centro-direita se convencem gradualmente de sua inocência e de que a Lava Jato foi um processo judicial ilegal e partidário.
A decisão inconteste do Supremo, por 7 a 4, de que o delatado tem de falar por último, algo corriqueiro em qualquer país onde vigore o Estado de Direito, representou a primeira grande derrota dos métodos autoritários de Moro e sua Lava Jato.
Como se isso não bastasse, o ministro Gilmar Mendes ainda denunciou no plenário do STF o uso da tortura pela Lava Jato, por meio das prisões provisórias por tempo indeterminado.
Diante dessa avalanche de informações e do clamor pelo Estado de Direito, o campo golpista da direita e extrema direita se unem novamente para atacar a mínima possibilidade da injusta sentença de Lula ser anulada pelo STF.
A direita, que liderou o golpe do impeachment contra a presidenta Dilma, ataca Bolsonaro porque o acha sem modos. Caso ele fosse menos violento e mais educado, não teria problema, já que deixa Guedes entregar a economia do país para os banqueiros e as corporações internacionais.
Mas com Lula não tem acordo. E com ele a divergência não é com seus modos, que são civilizados. A divergência inconciliável das elites conservadores é com os compromissos que o ex-presidente tem com a defesa do povo brasileiro e com a soberania nacional.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.
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