Ode à burrice de cada um de nós

O campo progressista no Brasil cometeu tantos erros de avaliação nesses últimos anos que tudo que não deveríamos rejeitar é que temos um grau avançado de ingenuidade e burrice

Escrito en OPINIÃO el
O meu último texto deste blogue teve um índice de leitura bem acima da média. E ao mesmo tempo que foi saudado por muitos como uma reflexão importante, incomodou alguns queridos leitores e amigos. A eles dedico este artigo. Em primeiro lugar, quero contextualizá-lo. O texto foi escrito muito menos querendo comprar polêmicas menores e muito mais buscando refletir sobre o que será o governo Mourão se ele vier a se impor. Na opinião deste blogueiro, ele será muito mais perigoso para a esquerda e os setores progressistas do que o de Bolsonaro. E por achar isso, usei o termo esquerda burra para quem, a meu ver, tem alguma ilusão com Mourão. Evidente que aqueles que pensam diferente do blogueiro se ofenderam. Mas queria alertá-los que minha burrice episódica já me deu várias sovas na vida. Sou também burro e isso já não me incomoda tanto. Aliás, o campo progressista no Brasil cometeu tantos erros de avaliação nesses últimos anos que tudo que não deveríamos rejeitar é que temos um grau avançado de ingenuidade e burrice. Compramos em muitos momentos esperanças que não tinham lastro. Achamos que a Lava Jato não subiria a rampa do Palácio, que Dilma estava preservada, que as elites não teriam coragem de ir ao impeachment e que eles não seriam loucos de prender Lula. Ainda mais recentemente achamos que Lula ia ser candidato e que, se não fosse, todos podiam vencer, menos Bolsonaro. Erramos muito e temos que reaprender a debater de forma mais ampla e sincera possível os rumos do país e do nosso campo político. Se o termo esquerda burra incomodou a alguns peço desculpas, mas faço um pedido. Que tal a gente deixar o debate rolar de forma mais franca? Que tal assumir que precisamos deixar a poeira levantar ao invés de buscar jogá-la para baixo do tapete? Até porque o momento político está muito mais para capoeira do que para xadrez. E o momento é tão pateticamente estúpido e idiota que chamar alguém de burro é quase um elogio. Não será por isso que vamos brigar. A burrice que me habita, saúda a burrice que habita cada um de vocês. Namastê. Evoé.
Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar