Globo cria "crocodilo napolitano" na Copa da Rússia

Em 2009 o jornal inglês “The Telegraph” contou a pitoresca história de um mafioso napolitano que ameaçava comerciante locais com um imenso crocodilo. Depois de pouco mais de uma década de pauta diária com Mensalão e Lava jato, intimidação virou um “modus operandi” tautista da Globo. Até na cobertura da Copa da Rússia

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Conta-se que em 2009 a polícia italiana encontrou um crocodilo, com quase dois metros, na casa de um chefe da máfia napolitana. O mafioso justificou dizendo que era de estimação, alimentado com ratos e coelhos vivos. Mas era de conhecimento de todos que ele usava o imenso réptil para intimidar os comerciantes locais a “pagar favores”.
Os comerciantes eram “convidados” pelo mafioso a visitarem sua casa, para serem apresentados ao bicho que vivia preso em um terraço. E ficavam sabendo que se não pagassem os “favores”, seriam a próxima refeição do crocodilo. Mas apesar de tudo, o mafioso acabou sendo detido mesmo por posse ilegal de animal selvagem... – clique aqui.
“É mais seguro ser temido do que amado”, escreveu Maquiavel. Intimidar surte efeitos mais imediatos do que criar legitimidade.
E a TV Globo, convertida em partido político de oposição na última década, entende bem essa máxima maquiavélica: pavimentou o seu poder (o quarto poder) por décadas com muita intimidação, na melhor tradição dos mafiosos locais napolitanos.
Exemplos recentes não faltam como, por exemplo, para manter o Judiciário com rédeas curtas: transmissões ao vivo das sessões do STF; dizer quem era quem do TRF-4, em rede nacional no JN, na véspera de julgar o recurso de Lula; a repercussão do tuite do General Villas Boas (exigindo dos juízes que atendessem ao “clamor da sociedade” sob ameaça velada de um golpe militar), também no JN às vésperas do julgamento do pedido de habeas corpus de Lula no STF, são alguns dos “crocodilos napolitanos” que a Globo exibe para aqueles que potencialmente possam importunar seus interesses.

O linchamento é a próxima refeição...

O linchamento midiático pelo “clamor popular”, em rede nacional, poderá ser a “próxima refeição” do crocodilo do chefe mafioso.
A prática tornou-se tão recorrente e sistemática que acabou virando um modus operandi tautista (tautologia + autismo midiático) da emissora. Não importa editoria, tema ou notícia: se há alguém, uma situação ou um resultado que potencialmente possam contradizer sua narrativa interesseira, certamente será levado pela Globo a fazer uma visita ao crocodilo do terraço.
Nem a Copa da Rússia e os adversários da seleção brasileira escaparam do “convite” intimidatório. Aliás, como vimos em postagem anterior, mesmo um evento esportivo como a Copa de futebol na Rússia é alvo do tautismo crônico da Globo: diante da ameaça do tradicional vilão do cinema e do telejornalismo (a “estranha” Rússia, terra dos soviéticos, comunistas, hackers que ameaçam eleições de outros países etc.) ser humanizado ou ocidentalizado demais pelas transmissões ao vivo, o viés do jornalismo esportivo passou a descrever russos como “frios”, que “não saem nas ruas”, vítimas da “ditadura” de Putin em um país “intolerante à diversidade sexual”, e assim por diante – clique aqui.
Pois o “crocodilo napolitano” da Globo reapareceu nos dias que antecederam a partida das oitavas de final entre a Seleção e o México.

Agora o Brasil precisa ser campeão!

Como todos sabemos, a necessidade do sucesso da Seleção na atual conjuntura político-econômica brasileira é fundamental. Ao contrário de 2014, cuja Copa no Brasil foi conduzida pela grande mídia como um evento que caminhava para a catástrofe (e o “mineiraço” dos 7 X 1 da goleada alemã foi o ato final conveniente por essa narrativa midiática), nesse momento Globo e mercado publicitário aguardam ansiosamente a melhor performance do Brasil na Copa da Rússia.
Primeiro, para criar alguma atmosfera otimista para um negócio publicitário que vive mais da percepção do que da realidade - depois que foram saqueados pelos brasileiros a panaceia dos saldos do FGTS como solução de curto prazo.
E segundo para uma função, por assim dizer, de “cimento ideológico”: num País de 14 milhões de desempregados e outros tantos de “desalentados”, repentinamente promovidos a micro-empreendedores, a Seleção é a vitrine do discurso mérito-empreendedor. Por exemplo, na campanha publicitária do Itaú a Seleção não é uma equipe, mas um conjunto de técnicos e jogadores “que fazem a diferença” – jargão individualista do dicionário do mérito-empreendedorismo.
Por isso, nada melhor do que fazer a arbitragem e os adversários jogadores mexicanos fazerem uma visitinha ao “crocodilo” global nos dias que antecederam o jogo das oitavas.

Juiz e mexicano sob suspeitas

De início, colocando o árbitro italiano Gianluca Rocchi sob suspeita, sugerindo bizarras conspirações. Para começar, repetindo na cobertura de TV e no portal “Globo.com” a informação de que o italiano tinha sido o assistente do V.A.R (árbitro de vídeo) do “polêmico” Brasil 1 X 1 Suíça, quando a Seleção reclamou de faltas e pênalti não marcados. Além de ter “tomado bolada de Neymar e ter dado cartão amarelo ao jogador” na vitória do Real sobre o PSG de 3 X 1 na Liga dos Campeões.
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