Operação de combate a garimpo ilegal no Pará pode ter sido vazada

Informações sobre a ação, em terras indígenas, foram publicadas em blog na véspera de ela acontecer; garimpeiros foram a Brasília em aviões da FAB

Área de garimpo ilegal na Terra Indígena Munduruku, no Pará (Foto Vinícius Mendonça/Ibama)
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Uma operação para combater garimpo ilegal no início de agosto pode ter sido vazada antes de acontecer. O Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação nesta terça-feira (1º) para apurar se houve o vazamento de informações.

Informações a respeito dela foram publicadas em um blog da região em 4 de agosto, véspera do dia previsto para o início da fiscalização. Com o vazamento, a operação não alcançou seu objetivo. Isso porque, de acordo com o MPF, os criminosos paralisaram as atividades e esconderam o maquinário.

A fiscalização seria realizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em terras indígenas Munduruku e Sai Cinza, no sudoeste do Pará.

No dia de sua realização, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, esteve na região e conversou com garimpeiros. Depois, um avião da Força Aérea Brasileira que seria usada na ação levou garimpeiros para reunião com ele em Brasília. Há outro inquérito aberto pelo MPF para apurar desvio de finalidade no uso dessa aeronave.

Além do vazamento, o inquérito vai apurar também se houve obstrução na operação. Informações técnicas do Ibama apontam que o planejamento feito para a operação previa evitar o uso da pista de pouso de Jacareacanga. Mas ele não foi seguido pela Força Aérea Brasileira (FAB). A cidade, na divisa entre o Pará e o Mato Grosso, fica muito próxima da área de garimpos ilegais. Com isso, a chegada de aeronaves envolvidas na operação alertaria os garimpeiros, o que de fato aconteceu.

Mesmo com todos esses problemas, a operação de fiscalização foi iniciada em 5 de agosto, mas acabou sendo suspensa no mesmo dia, por determinação do Ministério da Defesa.