Depois de o grupo Folha usar seu jornal “Agora SP” para repetir seu editorial esdrúxulo de sábado, sob o título “Jair Rousseff”, a ex-presidenta Dilma Rousseff foi ao Twitter para rebater o jornal nesta segunda-feira.
Na sequência de cinco tuítes, Dilma começa lembrando que a Folha foi criticada por seus leitores e por sua ombudsman, que chamou o editorial de sábado de “circo dos horrores”. A mensagem segue dizendo que “a Folha reage como de hábito: apega-se ao abuso e, por arrogância, repete o insulto”. E, de maneira até delicada, chama o texto de “infeliz”, para dizer que ele foi publicado no outro jornal do grupo.
“O único amarelo da Folha está no seu sorriso de deboche”, escreve a ex-presidenta, lembrando a campanha que o jornal diz fazer pela democracia com o uso do amarelo desde meados deste ano. “O jornal zomba da democracia, submetendo-se ao governante autoritário que protege, fingindo censurar”, atacou Dilma, referindo-se ao atual presidente.
Para Dilma, o jornal, com tais atitudes, “escarnece das vítimas da ditadura que este mesmo governante representa, ao defender torturas e torturadores e ao ameaçar espancar um jornalista que indagava sobre o pagamento de R$ 89 mil à primeira-dama”.
A ex-presidenta escreve que a Folha emprestou veículos à polícia política ditatorial e, agora, está de novo “umbilicalmente atrelada a um projeto autoritário”. Qualifica o jornal de “matriz do gabinete de ódio da grande imprensa”. E define o posicionamento do veículo: “Ríspida com progressistas, mansa com fascistas”.
No último tuíte, Dilma lembra que “a Folha já se jactou de ter o ‘rabo preso com o leitor’”. “Será?”, questiona. “Não parece, mesmo porque está, mais uma vez, amarrando-o à ultradireita, agora, em nome do austericídio”, finaliza.
Lembre o caso
A comparação entre os governos Dilma Rousseff e Jair Bolsonaro para defender a política neoliberal de Paulo Guedes foi duramente criticada nas redes e por lideranças progressistas.
O texto diz que Dilma perdeu seu cargo por não limitar gastos públicos, ignorando o golpe de que ela foi vítima. E “alerta” o atual presidente de que pode ir pelo mesmo caminho se não seguir a cartilha neoliberal, que manda cortar gastos sociais para manter as contas públicas “em ordem”.
A própria ex-presidenta divulgou uma dura nota em que rebate os argumentos do editorial, com dados.
A jornalista Flavia Lima, ombudsman da Folha de S.Paulo, publicou uma coluna no jornal neste domingo (23) que classifica como “circo de horrores” o editorial que compara Jair Bolsonaro a Dilma Rousseff com o objetivo de defender o teto de gastos. Para Flavia, o jornal “abandonou a seriedade” ao abordar o limite de gastos públicos por meio da comparação.