Laurentino Gomes defende preservação da estátua de Borba Gato, apesar do personagem

“Estátuas, prédios, palácios e outros monumentos são parte do patrimônio histórico. Devem ser preservados como objetos de estudo e reflexão”, afirma

Foto: Twitter
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O historiador Laurentino Gomes fez uma sequência no seu Twitter, nesta segunda-feira (8), onde, pesar de apontar todas as mazelas da vida do bandeirante Borba Gato, defende que a sua estátua deva ser mantida onde está, no bairro de Santo Amaro, em São Paulo. “Estátuas, prédios, palácios e outros monumentos são parte do patrimônio histórico. Devem ser preservados como objetos de estudo e reflexão”, afirma.

Ele conta que “o paulista Manuel de Borba Gato fez fama e fortuna na segunda metade do século XVIII percorrendo os sertões brasileiros à caça de indígenas para escravizar. Era também um fugitivo da lei e contrabandista de ouro”.

Ao final, o historiador afirma que “com dez metros de altura e vinte toneladas de peso, a atual estátua de Borba Gato no bairro de Santo Amaro, em São Paulo, é feia que dói. Ainda assim, deve lá ficar. Mas passar por ela, as pessoas devem saber quem foi o personagem e como foi parar no panteão dos heróis nacionais”.

Monumentos destruídos

Durante as manifestações anti-racistas das últimas semanas pelo mundo, vários monumentos foram depredados. A cidade da Antuérpia, localizada no norte da Bélgica, derrubou a estátua incendiada do rei Leopoldo II para colocá-la em um museu. O monarca causou a morte de 10 milhões de africanos, a maioria da República Democrática do Congo.

Em Bristol, na Inglaterra, manifestantes derrubaram a estátua em homenagem ao traficante de escravos Edward Colston e a jogaram no rio da cidade.

Veja sequência completa abaixo:

https://twitter.com/laurentinogomes/status/1270029722974633987

Vejo nas redes sociais um movimento pela derrubada da estátua do bandeirante Borba Gato situada no bairro de Santo Amaro, em SP. Sou contra. Estátuas, prédios, palácios e outros monumentos são parte do patrimônio histórico. Devem ser preservados como objetos de estudo e reflexão.

Genro de Fernão Dias Paes Leme, o paulista Manuel de Borba Gato fez fama e fortuna na segunda metade do século XVIII percorrendo os sertões brasileiros à caça de indígenas para escravizar. Era também um fugitivo da lei e contrabandista de ouro.

Acusado de matar dom Rodrigo de Castelo, fidalgo português administrador-geral das Minas, em 28 de agosto de 1682, Borba Gato tinha se acobertado com seu bando na região dos Rio das Velhas, em Minas Gerais.

Nas vizinhanças do refúgio de Borba Gato estava localizada a Serra de Sabarabuçu, atualmente no município de Sabará, a 23 quilômetros de Belo Horizonte, de onde brotariam as primeiras pepitas de ouro por volta de 1694.

Hoje acredita-se que, por mais de uma década, Borba Gato tenha mantido segredo da descoberta, para não atrair a cobiça de concorrentes, os cobradores de impostos da coroa portuguesa e, em especial, obter perdão real para o crime que havia cometido. Foi, de fato, o que aconteceu.

Em troca da localização das minas, o rei de Portugal não apenas anistiou o bandeirante como lhe cumulou cargos e honrarias. Num piscar de olhos, Borba Gato deixou de ser um criminoso fugido da lei e foi imediatamente promovido a fígado e guarda-mor das Minas de Caetés.

Com dez metros de altura e vinte toneladas de peso, a atual estátua de Borba Gato no bairro de Santo Amaro, em São Paulo, é feia que dói. Ainda assim, deve lá ficar. Mas passar por ela, as pessoas devem saber quem foi o personagem e como foi parar no panteão dos heróis nacionais.