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Na tarde de ontem, Juan Gabrois, um jovem advogado argentino de 35 anos que coordena o Movimento dos Trabalhadores Excluídos e da Confederação da Economia Popular, esteve em Curitiba tentando visitar Lula para entregar um rosário que teria sido abençoado pelo Papa.
Ele foi impedido porque a juíza do caso Lula não o reconheceu como líder religioso, a quem são permitidas visitas às segundas-feiras.
Ao ser barrado, Grabois deu fortes declarações em relação à situação da democracia no Brasil e chegou a falar em uma nova Operação Condor.
Dali em diante instalou-se uma verdadeira guerra de informações. De um lado, os que diziam que ele estava em missão oficial do Vaticano e que aquilo teria sido uma agressão à Santa Sé. De outro, os que o acusavam de ser um impostor.
Nem uma coisa nem outra.
Fórum conversou com Pablo Gentili, secretário geral do Conselho Latino Americano de Ciências Sociais (Clacso). Ele explica como se dá a relação do Papa Francisco com algumas pessoas e com setores do movimento social.
“Que eu saiba o Juan Grabois não tem cargo no vaticano, mas ele é uma pessoa da estreita confiança do Papa Francisco”, afirma. Pelo que Fórum apurou, Francisco havia convidado Grabois para ser um dos 15 consultores do Pontifício Conselho para a Justiça e a Paz logo que assumiu, em 11 de junho de 2016. Mas o próprio Papa teria desativado o órgão em de 1º de janeiro de 2017 e incorporado-o ao Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.
“Mas sendo ou não representante oficial do Vaticano, se ele disse que o Papa falou, a mensagem é do Papa mesmo. Grabois tem mais proximidade e informação do que o Papa pensa do Lula do que qualquer cardeal brasileiro”, sustenta Gentili.
Na Argentina, Francisco é conhecido por ter alguns porta-vozes informais. Aquilo que ele não pode dizer de forma direta, essas pessoas acabam falando por ele.
Além de Grabois, que tem relação com os movimentos sociais, Francisco tem muita proximidade com Eduardo Valdés, a quem o blogueiro conheceu na recente visita que fez a Buenos Aires acompanhando a comitiva da ex-presidenta Dilma.
“Valdés faz mais a ponte com os setores políticos e por isso foi o embaixador da Argentina no Vaticano durante o governo de Cristina Kirchner”, explica Gentili.
Mas o Papa poderia ter mandado um rosário para o Lula tendo como porta voz o jovem Juan Grabois, pergunta o blogueiro. Gentili garante que sim. “Se o Grabois veio visitar o Lula, certamente ele tinha alguma mensagem ou algum recado do Papa. Ele não se movimentaria por iniciativa própria”.
O Papa teria por hábito fazer essas conversas informais a partir de porta-vozes não oficiais. Em relação a Dilma, por exemplo, o blogue apurou que ele lhe enviou uma carta escrita de próprio punho após ter sofrido o impeachment. E que ainda mantém uma relação muito amistosa com ela. Com Lula não é diferente.