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Schneider se queixou a Doria da falta de respaldo da gestão tucana em meio aos ataques que tem recebido de simpatizantes do MBL, por se posicionar contra a visita de Fernando Holiday (DEM), vereador e integrante do MBL, a uma escola municipal para "verificar se estava havendo doutrinação ideológica por parte de professores".
Da Redação com Informações da Folha
Depois de receber uma enxurrada de críticas de simpatizantes do MBL (Movimento Brasil Livre), por se posicionar contra a visita de Fernando Holiday (DEM), vereador e integrante do MBL, a uma escola municipal para "verificar se estava havendo doutrinação ideológica por parte de professores", o secretário Alexandre Schneider (Educação) pediu demissão do cargo ao prefeito João Doria (PSDB) nesta sexta-feira (7). Ao menos por ora, em conversa no gabinete, o prefeito conseguiu demovê-lo da ideia.
Segundo a Folha apurou, Schneider se queixou a Doria da falta de respaldo da gestão tucana em meio aos ataques que tem recebido de simpatizantes do MBL.
"O vereador exacerbou suas funções e não pode usar de seu mandato para intimidar professores", escreveu Schneider em uma rede social, o que provocou uma forte reação dos apoiadores do MBL, algumas delas agressivas.
Holiday negou que tenha intimidado professores e respondeu a Schneider. "Até entendo que sindicatos, partidos e mesmo alguns parlamentares se baseiem em inverdades para fazer suas críticas, como é de costume em frequentes casos. Mas esta não pode e nem deve ser a conduta do responsável pela educação do maior município do país."
Em meio à polêmica, o vereador aproveitou para protocolar o projeto de lei "Escola sem Partido", que, em linhas gerais, busca restringir opiniões políticas e religiosas de professores em sala de aula.
O secretário, radicalmente contra essa ideia, esperava algum sinal de defesa da prefeitura, o que não aconteceu publicamente. O prefeito até tentou colocar panos quentes em conversas reservadas com líderes do movimento, o que não evitou a sequência de ataques a Schneider.
O coordenador nacional do MBL, Kim Kataguiri, por exemplo, disse em uma rede social que Schneider é partidário do PSOL e o acusou de estar "espalhando a descarada mentira de que o vereador estaria 'intimidando' professores e agindo em desacordo com sua função de vereador".
Montagens com fotos do secretário segurando um livro com o símbolo da foice e martelo na capa foram replicadas nas redes sociais.
A reportagem tentou contato com o secretário durante toda sexta-feira, mas ele não retornou as ligações nem respondeu às mensagens deixadas em seu celular.
À Folha, o prefeito confirma a conversa com Schneider, mas nega que o secretário tenha efetivamente entregado o cargo. Segundo Doria, o caso foi superado. O prefeito lamentou também que esse "estresse" tenha chegado a esse nível. "Não era para ser assim. Houve um estresse de lado a lado. Mas considero o caso superado."
Schneider, que também foi titular da Educação municipal durante a gestão de Gilberto Kassab, é responsável por tirar do papel uma das metas mais ousadas da gestão: a promessa eleitoral de zerar ainda neste ano a fila de crianças de até 3 anos que aguardam por uma vaga nas creches municipais.
De acordo com a administração, havia 65,5 mil crianças nessas condições ao final do ano passado e esse será o número a ser perseguido.
Em evento há cerca de um mês, o secretário foi anfitrião do lançamento da iniciativa batizada como Nossa Creche. Na plateia, estava a elite bancária do país, convidada por Doria para fazer doações ao programa a partir de abatimentos do imposto de renda.