Mais um: professor da UFABC se recusa a dar entrevista para Veja

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Em postagem no Facebook, Igor Fuser justifica sua postura: "Trata-se de uma publicação anti-ética e anti-jornalística, contrária a todos os valores em que eu acredito. É a antítese de qualquer ideia de respeito aos direitos humanos e de busca de um mundo mais justo, de um país melhor" Por Redação Mais um professor universitário se recusa a dar entrevista para um veículo da mídia tradicional. Desta vez foi o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), Igor Fuser, que negou uma entrevista para a revista Veja. "Eu também sou jornalista e trabalhei nove anos na Veja quando era apenas uma publicação de direita, mas praticava jornalismo, às vezes com mais qualidade, outras vezes menos, mas sempre jornalismo. Hoje é um panfleto mentiroso e fascista, de baixíssimo nível, que só merece repúdio", disse Fuser em sua resposta. Veja abaixo a íntegra, publicado em sua página no Facebook: Resposta a uma jornalista da Veja Hoje recebi um email de uma repórter da Veja, que certamente não sabe direito quem eu sou, me pedindo uma entrevista sobre um assunto na minha área acadêmica. Enviei a seguinte resposta: Oi, (nome X), vou dizer uma coisa com todo o respeito por vc que está fazendo o seu trabalho. Agradeço a lembrança do meu nome, mas... não dou entrevista e me recuso a fazer qualquer coisa que seja algum tipo de cooperação com a revista Veja. Trata-se de uma publicação anti-ética e anti-jornalística, contrária a todos os valores em que eu acredito. É a antítese de qualquer ideia de respeito aos direitos humanos e de busca de um mundo mais justo, de um país melhor. Eu também sou jornalista e trabalhei nove anos na Veja quando era apenas uma publicação de direita, mas praticava jornalismo, às vezes com mais qualidade, outras vezes menos, mas sempre jornalismo. Hoje é um panfleto mentiroso e fascista, de baixíssimo nível, que só merece repúdio. Respeitosamente, Igor Fuser. Outros casos Além da recusa de Igor Fuser, há alguns outros casos notórios de professores que se negaram a dar entrevistas para a mídia tradicional. Em fevereiro deste ano, a ativista do movimento negro, historiadora e professora Luana Tolentino recusou uma entrevista ao programa “Caldeirão do Huck”, da TV Globo. Em sua página do Facebook, ela publicou um texto explicando os seus motivos. “Não vejo o menor sentido em ser homenageada no dia 8 de Março pelo Luciano Huck, que durante a Copa usou o programa para oferecer brasileiras aos gringos, como se fôssemos mercadoria”, disse. No mês de março, o cientista político Reginaldo Nasser recusou um convite feito pela GloboNews. "Sempre avaliei que, eventualmente, em crises, há um espaço para profissionais que possam discutir relações internacionais. Mas nos últimos anos eu comecei a notar que as coisas não estavam como antes. Inclusive, em dois programas ‘Painel’ editaram minha fala. De lá para cá, diminuí bastante minha participação até porque os convidados não estavam mais em equilíbrio”, comentou à época. Já o historiador da Universidade de São Paulo (USP) Rafael Marquese negou uma entrevista à Folha de S. Paulo, também em março. “Por que vocês não contatam o Marco Antonio Villa? Tem um vídeo no Youtube sobre café no Vale, no qual sou ‘entrevistado’ por ele. Na sessão de uma hora de duração, o cara dormiu metade do tempo (…) O perfil dele cai muito bem na atual linha editorial da Folha, do Globo, da Veja”, provocou em sua resposta. Foto de capa: Reprodução