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Reivindicando a ampliação do acesso à assistências estudantis - como auxílio moradia e alimentação -, alunos da UFPB entraram em greve de fome e ocuparam a reitoria da instituição que, por sua vez, acusa os estudantes de estarem 'mentindo'. Entidades e artistas, como Chico César, declararam apoio aos grevistas
Por Ivan Longo
Quatro estudantes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) estão, desde o último dia 23 de fevereiro, acorrentados e em greve de fome em frente ao prédio da reitoria, que foi ocupada nesta segunda-feira (29) por dezenas de estudantes que protestam contra o sucateamento de políticas de assistência estudantil que garantem bolsas e auxílios para alimentação e moradia.
De acordo com os estudantes, a maior parte daqueles que se inscreveram no edital de auxílio moradia não foram contemplados e o Restaurante Universitário é restrito a uma menor parte dos alunos.
"A Universidade conta atualmente com cerca de 40.000 alunos, muitos de diversas partes do Brasil, grande parte de depende de politicas de permanência que estão atrasadas, e grande maioria não são contemplados com as bolsas, como a atual situação dos estudantes acorrentados, que são de outros estados e não tem renda ou são de renda baixa. Dentre as 600 pessoas que se inscreveram no edital de auxilio moradia apenas 150 conseguiram o auxilio", escreveram os grevistas em uma página do movimento no Facebook.
[caption id="attachment_79598" align="alignleft" width="393"] Alunos se reúnem para decidir os rumos do movimento. (Foto: Reprodução/Facebook)[/caption]
Um dos estudantes em greve de fome, inclusive, teria passado mal e desmaiado. Os grevistas, no entanto, afirmaram que eles passam bem e que há uma equipe médica os monitorando.
A ocupação da reitoria aconteceu depois de uma reunião com a reitora, Margareth Diniz, que tinha como objetivo estabelecer uma negociação entre as duas partes. Os estudantes, no entanto, informaram que Diniz não apresentou nenhuma proposta e que se retirou antes do final da reunião. "Existem quatro estudantes em greve de fome bastante debilitados e a nossa reitora não demonstra interesse em reverter a situação de emergência acontecendo na Universidade, como também, se nega a realizar um diálogo horizontal e coletivo para atender as nossas reivindicações", escreveram os alunos após a reunião.
A reitoria, por sua vez, alega que os grevistas estão "mentindo" e que sua equipe teria, inclusive, sido agredida ao longo da reunião.
"A reunião foi intermediada, a pedido dos estudantes, pela Defensoria Pública e pelo Ministério Público Federal. Margareth estava lá só como 'ouvinte' e, depois de concordar em revisar os editais de assistência, começou a se retirar e foi agredida. Foi um 'estouro de boiada'. Tô com o braço dolorido da pancadaria", disse em conversa com a Fórum o assessor da reitora, Bob Wagner.
Wagner colocou em cheque, ainda, até mesmo a veracidade da greve de fome dos quatro estudantes. "Não tem greve de fome coisa nenhuma. Eles estão se revezando para almoçar", afirmou, explicando ainda que, dos quatro grevistas, três já contariam com o auxílio moradia. Já os alunos refutam a informação de que houve a agressão e informam que o movimento permanecerá em greve até que suas pautas sejam atendidas.
Apoio
Desde que os estudantes deflagaram a greve de fome que diversos professores da própria instituição e entidades vêm declarando apoio ao movimento. Entre elas, a Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Enecos), o Grupo de Percussão Baque Virado da Borborema (Paraíba) e coordenação do curso de Seviço Social da Universidade.
O músico paraibano Chico César, que é formado em jornalismo pela UFPB, também declarou apoio ao movimento em vídeo publicado em seu Facebook.
em apoio aos estudantes da ufpb em greve de fome Posted by Francisco Cesar Goncalves on Monday, 29 February 2016