Escrito en
NOTÍCIAS
el
Em entrevista, ex-presidente falou sobre crise política, situação da economia, governo Dilma e também reafirmou que vai trabalhar pelo fortalecimento de seu partido. "Permitir que a direita faça o discurso fascista que está fazendo e ficarmos quietos, não podemos permitir"
Por Redação
O ex-presidente Lula falou pela manhã até o início da tarde desta quarta-feira (20) com blogueiros no instituto que leva o seu nome. Na entrevista, tratou de diversas questões como possíveis saídas para a recuperação da economia, crise política, investigação sobre corrupção, Lei Antiterrorismo e as eleições de 2018. Em relação a este último tema, o ex-presidente mostrou mais uma vez disposição para se candidatar. "Se eu estiver com saúde e perceber que sou o único que pode evitar que as conquistas do povo sejam tiradas, entrarei no jogo", disse.
Lula comentou o tratamento dispensado a ele pela mídia tradicional. "Nunca fui bem-tratado, sempre fui tratado com certo desdém [pela imprensa]", afirmou. "Que [os jornais] publiquem nos editoriais o que quiserem. A única coisa que não admito é mentira na informação." Quanto às tentativas de envolver seu nome com investigações relativas à corrupção, foi taxativo. "Duvido que tenha um promotor, delegado, empresário que tenha a coragem de afirmar que eu me envolvi em algo ilícito", afirmou. "Não existe nenhuma ação penal contra mim. O próprio [Sérgio] Moro já disse que não sou investigado."
O ex-presidente falou a respeito das postagens em redes sociais que divulgam informações falsas sobre ele e sua família, referindo-se a um post divulgado pelo lutador de MMA Wanderlei Silva. "Soube ontem que um lutador disse que meu filho tem um iate de 80 pés! Como um sujeito tem a desfaçatez de mentir?", questionou. "Um homem sério e uma mulher séria nesse país não podem admitir a execração de pessoas."
A Lei Antiterrorismo também foi alvo de críticas do ex-presidente, que se posicionou mais uma vez de forma contrária ao projeto. "Sobre a Lei Antiterrorismo, eu sou contra! Esse país não tem tradição de terrorismo", contestou. Ele também falou sobre sua relação com os movimentos sociais. "Tudo que sou na vida eu devo a esse pessoal que, muitas vezes no anonimato, apanhou por minha causa", pontuou.
Sobre a crise econômica, Lula apontou o que julga ser uma possibilidade de resposta. "O governo tem que dar o sinal de que vai fazer o país crescer custe o que custar [..]. O investimento em infraestrutura é o melhor jeito de fazer isso [a economia crescer]", argumentou, se posicionando também contra a elevação da taxa de juros. "Nós não temos nenhum aumento de demanda, então não vejo nenhuma necessidade [de aumento da Selic]."
Questionado a respeito da necessidade de o Partido dos Trabalhadores fazer uma autocrítica em relação a suas práticas, o exx-presidente disse que isso vem sendo feito. "O PT tem feito autocrítica. Reconhecemos que erramos e que não nascemos para ser iguais aos outros partidos[...] Tudo no PT tem uma dimensão maior e é por isso que o partido tem que ser responsável, não pode fazer o que os outros fazem", sustentou, afirmando ainda ser favorável ao financiamento público de campanha. "Do jeito que é hoje, quem é pobre, mora na periferia, não pode ser candidato porque não pode concorrer contra quem já é deputado."
O ex-presidente afirmou que vai se envolver com a recuperação do partido. "Eu gosto de uma briga, de defender as coisas em que acredito", disse Lula. "O PT vai ressurgir das cinzas muito mais forte. Feche os olhos trinta segundos e pense como seria a política do país sem o PT. Permitir que a direita faça o discurso fascista que está fazendo e ficarmos quietos, não podemos permitir. Uni-vos, petistas, em torno da causa nobre da democracia e da inclusão social.", concluiu.