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Em 'Lira Itabirana', Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) critica o efeito da mineração em seu estado natal: "O Rio? É doce / A Vale? Amarga / Ai, antes fosse / Mais leve a carga". Confira o poema completo
Por Redação
Em meio a tantas notícias e comentários sobre a tragédia em torno do Rio Doce, contaminado por uma enxurrada de lama desde o rompimento de barragens da mineradora Samarco, um poema tem viralizado nas redes sociais. É Lira Itabirana, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987).
Os versos carregam um tom profético ao criticarem o efeito da mineração no estado natal do poeta. Drummond nasceu em Itabira, mesma cidade em que surgiu a Vale do Rio Doce, em 1942. A empresa, junto com a angloaustraliana BHP Billiton, é dona da Samarco, responsável por este que já é considerado o maior desastre ambiental da história do país.
Confira o poema abaixo:
I
O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.
II
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!
III
A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.
IV
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?
Foto de capa: Divulgação