Por que interessa à sociedade apoiar a agroecologia?

Esse é a principal discussão que o III Encontro Nacional de Agroecologia pretende propor à sociedade nos próximos dias

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Esse é a principal discussão que o III Encontro Nacional de Agroecologia pretende propor à sociedade nos próximos dias Por Anna Beatriz Anjos Começou oficialmente nesta sexta-feira (16) o III Encontro Nacional de Agroecologia (ENA). O evento, organizado pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), acontece até a próxima segunda-feira (19) em Juazeiro, na Bahia. O seminário de inauguração abordou a principal pauta que o encontro pretende debater: por que interessa à sociedade apoiar a agroecologia? Para abrir as discussões em busca de uma resposta, estiveram presentes na mesa integrantes do ANA – que congrega movimentos sociais de todo o país -, representantes da sociedade civil e também no governo federal. Para Naomi Kreft, membro da ANA, a agroecologia traz benefícios às populações urbanas, como forma de consumir alimentos mais saudáveis, mas, sobretudo, às comunidades rurais, para quem representa mais do que práticas de cultivo. “É o cuidado com a mãe terra, com a água, o ar, com a cultura local, soberania alimentar, autonomia sobre o próprio território”, declarou. Em sua fala, ela lembrou também as caravanas agroecológicas, que desde abril de 2013 percorrem territórios onde há experiências relacionadas à agroecologia.  “As caravanas viram de perto os conflitos e as disputas geradas pelo agronegócio e pelos grandes  projetos, que geram impactos ambientais, sociais, e econômicos; que expulsam povos e comunidades e que, com isso, causam a perda da diversidade das sementes, da cultura”, pontuou. A questão da devastação, tanto ambiental quanto cultural, provocada pelo agronegócio também foi bastante citada. Nesse sentido, a agroecologia aparece como uma das mais eficazes maneiras de combatê-lo. “Espero que nesses próximos dias possamos desenvolver estratégias para mudar o rumo das coisas e para que a agricultura familiar possa se sobrepor, em termos de recursos e políticas públicas, ao capital, que é exatamente quem recebe do estado todos os benefícios”, apontou Lúcia Marisy, pró-reitora de extensão da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), que sedia a reunião. Selvino Heck, secretário executivo da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Cnapo), coordenada pela Secretaria Geral da Presidência da República, também destacou a importância da adoção de práticas agroecológicas. “A agroecologia faz parte de uma nova utopia real que estamos construindo, e precisamos construir, neste país e no mundo. Um utopia de mulheres, jovens, sem terra, quilombolas, mineirinhos, todos os trabalhadores do campo e agora também, cada vez mais, dos trabalhadores urbanos.” Na mesma linha argumentou Annette Roensch, representante da agência alemã de cooperação internacional Misereor. “Acreditamos que a solução para a área da agricultura vai surgir da agroecologia. Ela tem o potencial de reestabelecer laços entre o ser humano e a natureza”, afirmou. Não há agroecologia sem feminismo A pauta das mulheres no campo também foi lembrada durante a primeira palestra do III ENA. Ela será debatida mais profundamente em uma plenária específica, que acontecerá na tarde de domingo (18). Na ocasião, estarão presentes diversos movimentos ligados à causa, como a Marcha Mundial das Mulheres. Naomi Kreft, que também integra o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), mostrou a força com que vem a discussão sobre o feminismo nas áreas rurais. “Para as mulheres, não há agroecologia sem feminismo. É preciso fortalecer a luta pela superação de toda forma de violência contra as mulheres”, enfatizou. Foto de capa: Renato Cosentino/AARJ