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A proposta é simples: a cada gol feito no mundial, 1 mil hectares de terra devem ser declarados área protegida na Caatinga para conservar o tatu-bola, que hoje se encontra em risco muito alto de desaparecer
Por Natasha Pitts, da Adital
O futebol é um dos esportes mais populares do mundo, por isso, com a proximidade da Copa do Mundo e aproveitando a escolha do tatu-bola como mascote brasileiro, um grupo de pesquisadores do Nordeste brasileiro decidiu desafiar a Federação Internacional de Futebol (Fifa) a ajudar a retirar o animal do risco de extinção. A proposta é simples: a cada gol feito no mundial, 1 mil hectares de terra devem ser declarados área protegida na Caatinga para conservar o tatu-bola, que hoje se encontra em risco muito alto de desaparecer.
A ideia surgiu depois que pesquisadores dos Estados de Pernambuco e Paraíba, e também do México, participaram da expedição Caatingueira, no início deste ano. Eles constataram que a melhor maneira de proteger o tatu-bola é preservando seu habitat, a caatinga. A proposta foi publicada na revista científica Biotropica. Visualize aqui o artigo.
Dados apresentados no artigo relatam que a Caatinga brasileira já perdeu 47% de sua cobertura vegetal original, que era de 845 mil km². Por isso proteger o que resta dela é extremamente urgente. "Queremos que a escolha do tatu-bola não seja apenas simbólica, mas que efetivamente contribua para a conservação desSa espécie tão carismática e de seu ambiente”, afirma José Alves Siqueira, professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf).
A proposta dos pesquisadores visa a três ações conservacionistas concretas: expandir o sistema de parques e reservas na Caatinga; honrar os investimentos prometidos para os "Parques da Copa”; e acelerar a publicação do plano de ação para a conservação do tatu-bola. Caso a Fifa se comprometa com a criação e o financiamento da unidade de conservação, em contrapartida os pesquisadores vão criar o Plano de Manejo do tatu-bola.
Estima-se que durante uma Copa do Mundo sejam feitos cerca de 170 gols, o que equivaleria a 170 mil hectares de área protegida de caatinga. O número parece alto, mas significa pouco mais de 0,002% da área total de ocorrência da espécie.
Outro desafio é lançado pelos pesquisadores. "Desafio a Seleção brasileira a entrar em campo, pelo menos no primeiro jogo, com um cartaz do tatu-bola real junto com a frase dizendo assim: ‘Extinção é para sempre’ ou ‘Não me chute para a extinção’. Porque o tatu-bola é um animal super carismático e não precisa de caricatura”, propõe, em entrevista à Adital o analista ambiental do ICMBio e coordenador do Projeto Extremo Oriental (PEOA), Orione Álvares.
"Esperamos que a Fifa faça escolhas acertadas, pois ainda é possível marcar um gol verde. A primeira foi escolher o tatu-bola como mascote, pois é um animal tipicamente brasileiro e está em altíssimo risco de extinção, e a segunda é deixar um legado verdadeiro para o Brasil. Esperamos que a Fifa dê resposta a esse pedido e também que a população possa se engajar nessa ação”, pediu Orione.