Presa há mais de um mês, ativista brasileira do Greenpeace tem pedido de liberdade negado

Justiça russa ignora pedido de advogados e embaixador do Brasil de pagamento de fiança; Ana Paula é obrigada a acompanhar audiência em jaula

"Ana Paula é uma mulher íntegra, idealista e que sempre lutou pacificamente pelas coisas que acredita", diz a mãe da ativista (Foto: Igor Podgorny/Greenpeace)
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Justiça russa ignora pedido de advogados e embaixador do Brasil de pagamento de fiança; Ana Paula é obrigada a acompanhar audiência em jaula

Da Redação [caption id="attachment_34396" align="alignright" width="378"] "Ana Paula é uma mulher íntegra, idealista e que sempre lutou pacificamente pelas coisas que acredita", diz a mãe da ativista (Foto: Igor Podgorny/Greenpeace)[/caption]

A justiça russa negou o pedido de liberdade, mediante fiança, da ativista brasileira Ana Paula Maciel, de 31 anos, feito pelos advogados do Greenpeace. Ana Paula, que é bióloga, está presa junto com outros 27 ativistas, um operador de câmera e um fotógrafo desde o dia 19 de setembro em uma cadeia de Murmansk, por conta de um protesto pacífico contra a exploração de petróleo no Ártico pela empresa russa Gazprom.

Segundo o Greenpeace, a justiça russa “ignorou a carta de garantia assinada pelo embaixador brasileiro no país, Fernando Barreto”. Pelo documento, o governo brasileiro pedia que Ana Paula aguardasse as investigações em liberdade, e assegurava às autoridades russas que ela teria bom comportamento e que se apresentaria ao tribunal sempre que fosse requisitada. De acordo com a ONG, o advogado de Ana Paula também solicitou que ela acompanhasse a audiência fora da jaula, mas o juiz deu razão ao promotor do caso e negou o pedido.

A bióloga acompanhou a audiência numa jaula, como mostra a imagem. Ela e os outros detidos eram acusados pelo crime de pirataria, que prevê reclusão de até 15 anos. A acusação foi alterada, nesta quarta-feira (23), pelo Comitê de Investigação russo para vandalismo, que tem pena menor.

Em nota, o Greenpeace alega que ambas as acusações são fantasiosas, sem qualquer relação com a realidade. Em entrevista à jornalista Laura Greenhalgh, d'O Estado de S. Paulo, o sul-africano Kumi Naidoo, diretor-executivo da ONG, criticou a intransigência das autoridades russas. “Somos uma organização consciente dos riscos que corre e nos preparamos para arcar com as consequências. Não vamos fugir do julgamento, só exigimos julgamento justo”, afirmou. Ele ainda explicou que a exploração do petróleo no Ártico é criminosa e que uma catástrofe ambiental na região é iminente.

Liberdade aos presos  O Greenpeace está em campanha pela libertação dos 30 detidos. Cerca de 1,7 milhão de pessoas já escreveram para embaixadas russas, segundo a organização.

Nesta quarta, o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL) disse que fará um pedido oficial ao parlamento russo pela libertação de Ana Paula. Na União Europeia, mais de 90 membros do Parlamento Europeu assinaram uma nota de solidariedade pela libertação dos ativistas.

Outro abaixo-assinado encabeçado pela mãe de Ana Paula, Rosângela Maciel, pede que a presidenta Dilma Rousseff interceda junto ao presidente da Rússia, Vladimir Putin. “Ana Paula é uma mulher íntegra, idealista e que sempre lutou pacificamente pelas coisas que acredita. Se hoje ela está injustamente presa a milhares de quilômetros de casa, o motivo é um só: ela dá a cara a tapa por uma causa que é de todos nós”, diz a mãe.