Consórcio vencedor do leilão ocorrido hoje é formado por nove empresas e venderá a energia a um preço 6% menor que o teto estabelecido
Por Redação
O leilão para o consórcio de empresas que vai construir e administrar a hidrelétrica de Belo Monte, no alto do rio Xingu, ocorreu após duas liminares de suspensão e críticas que chegaram à comunidade internacional. O Consórcio Norte Energia, vencedor do leilão, é formado por nove empresas, sendo oito privadas e uma, a Chesf, estatal. O leilão, que durou sete minutos, foi encerrado na primeira fase com o preço de R$ 77,97 por Megawatt-hora (R$/MWh). O teto era de R$ 83 MWh.
A proposta do Consórcio Norte Energia foi 5% menor que a proposta do Consórcio Belo Monte Energia, que também concorria. O leilão só pode acontecer após o TRF 1ª Região (Tribunal Regional Federal) derrubar a liminar do juiz federal Antonio Carlos Almeida Campelo, da subseção de Altamira (PA) expedida na tarde de ontem, 19. Campelo foi o mesmo juiz que havia expedido a outra liminar que suspendia o leilão de Belo Monte no dia 8 de abril. Na última liminar, o juiz contestava pontos do licenciamento ambiental aprovado em fevereiro pelo Ibama.
O Consórcio vencedor é composto pela estatal Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) e pelas privadas Construtora Queiroz Galvão S/A, Galvão Engenharia S/A, Mendes Junior Trading Engenharia S/A, Serveng-Civilsan S/A, J Malucelli, Construtora de Obras S/A, Contern Construções e Comércio Ltda, Cetenco Engenharia S/A e Gaia Energia e Participações. As oito empresas privadas terão participação de 50,02% no grupo. A estatal Eletronorte não participou do leilão, mas se associará ao consórcio vencedor com participação de 30% a 35% nos resultados.
O Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) poderá dar um aporte de até 80% no valor da construção da hidrelétrica, e abrirá um prazo de até 30 anos de financiamento. O valor estimado da construção é de R$ 19 bilhões, e atualmente o banco pode emprestar R$13,5 bi por dia. O início da geração de energia está previsto para fevereiro de 2015.
A usina hidrelétrica de Belo Monte terá capacidade de produzir 11.233,1 MW (megawatts), ocupará 516 quilômetros quadrados e será a segunda maior hidrelétrica do país e a terceira maior hidrelétrica do mundo a partir de 2016.
Mobilização Os movimentos sociais e indígenas que tem se colocado contra a construção da barragem no Alto Xingu realizaram hoje, 20, diversos protestos em sete capitais do país e em Brasília. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) calcula que com a construção do projeto, 24 aldeias de povos indígenas serão prejudicadas.
A proposta de construção da hidrelétrica de Belo Monte vem desde a década de 1980, ainda na época do governo militar, e foi recolocada em pauta pelo governo Lula dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Com informações da ANEEL, de agências e do MAB.