HISTÓRIA

Krupskaya: a revolucionária desconhecida que alfabetizou 60 milhões e mudou a educação no mundo

Nadejda Krupskaya, que deu nome a um prêmio da UNESCO, foi uma intelectual revolucionária da educação popular, do papel social das mulheres e da aproximação entre ensino e vida

Krupskaya - retrato.Créditos: free source
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Nascida em 26 de fevereiro de 1869, Nadejda Krupskaya foi uma das principais responsáveis pela estruturação do sistema de ensino soviético após a Revolução de Outubro, em 1917, além de um importante nome do Partido Comunista soviético.

Uma revolucionária marxista, ela, que fora professora de uma escola feminina de prestígio na Rússia, passou a integrar o Grupo de Luta pela Emancipação da Classe Trabalhadora com apenas 25 anos de idade. Lá, conheceu Lênin, com quem chegou a ser presa e exilada na Sibéria — durante o exílio, eles se casaram, e passaram a contribuir de forma conjunta com o material cultural que daria o sentido da Revolução. 

Além de ser colaboradora de um periódico socialista, Krupskaya se tornou secretária do Comitê Central do Partido Operário Social-Democrata Russo nos anos em que permaneceu exilada na Europa Ocidental. Seu grande interesse sempre foi a educação, e, após a Revolução Bolchevique, ela passou a compor o Comissariado do Povo para a Educação, departamento soviético dedicado à administração da educação pública.

Um de seus principais ideais era a erradicação do analfabetismo na União Soviética, a partir de um ensino superior gratuito. Para isso, coordenou, no departamento de educação, uma Comissão Extraordinária de estudantes e professores em iniciativa de alfabetização conjunta da população soviética — entre operários, famílias e jovens.

Os principais desafios do sistema educacional russo, para Krupskaya, estavam em livrar-se da herança da "ideologia burguesa", que priorizava abordagens religiosas e chauvinistas no ensino; a adoção de novos métodos e conteúdos para revolucionar o sistema educacional atrasado; e em aproximar o ambiente educacional da vida cotidiana da população, a fim de instigar uma compreensão mais crítica do ambiente, do trabalho e da existência coletiva.

Ela entendia a educação como um campo necessariamente político, e defendia sobretudo a laicidade do ensino. Além disso, compreendia a escola como um importante meio para o desenvolvimento da personalidade e da identidade humanas, e queria estabelecer a mesma educação para homens e mulheres, reduzindo a disparidade entre os gêneros.

Diversos programas foram fundados por Krupskaya na tentativa de melhorar o acesso ao ensino e de engajar jovens nas atividades escolares: entre eles, as Organizações Infantis e Juvenis de Jovens Pioneiros, que tinham como alvo a formação de jovens de 14 a 28 anos em atividades diversas. 

Os Pioneiros buscavam reformular hábitos retrógrados da população, além de promover valores e convicções sob o espírito do coletivismo e do aperfeiçoamento da formação das massas operárias e camponesas.

A formação cívica, para ela, passava pela construção de valores comunitários amplos: um desenvolvimento ético e estético, técnico e político. 

Também dava ênfase à emancipação feminina por meio do estímulo a uma nova cultura, que combatia inclusive aspectos como a sobrecarga do trabalho doméstico e a combinação entre uma educação social e familiar capaz de elevar o nível de instrução dos pais para lidar com jovens meninos e rapazes.

Krupskaya sustentava visões revolucionárias sobre o papel social feminino no matrimônio, na maternidade e no âmbito familiar, e buscava estimular temas relacionados à saúde da mulher e à sua condição na sociedade.

Mais de 60 milhões de adultos foram alfabetizados, num período de 20 anos (entre 1920 e 1940), com os esforços dos coletivos incentivados por ela em cargo do Ministério da Educação russo. Por conta disso, Kruspkaya foi homenageada com um prêmio que leva seu nome pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), anos após sua morte.

Algumas de suas outras contribuições à educação soviética envolveram a criação e a democratização de grandes centros de bibliotecas populares, que contavam com acervos de obras relevantes para aproximar a população de temas como o trabalho, o coletivismo, a educação e seu papel social.

Leia mais em: Vista do Concepção socialista de educação: A contribuição de Nadedja Krupskaya | Revista HISTEDBR 

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