ABORTO LEGAL E ÓDIO

Manuela d'Ávila sobre Klara Castanho e menina de onze anos: “ódio contra as mulheres”

Ex-deputada adverte que “as duas são tripudiadas publicamente porque não é sobre aborto ou adoção. É sobre controle, violência e ódio contra as mulheres”

Manuela D'ávila.Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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A jornalista e ex-deputada federal Manuela d'Ávila (PCdoB) fez um comentário indignado em sua conta do Twitter na noite deste sábado (25), comparando os casos da menina de onze anos que engravidou após ser estuprada em Santa Catarina e a atriz da Globo Klara Castanho.

De acordo com ela, “uma menina de 11 anos é estuprada e tenta interromper a gestação. Outra, com 21, é estuprada e decide entregar o bebê para adoção”.

Manuela adverte que “as duas são tripudiadas publicamente porque não é sobre aborto ou adoção. É sobre controle, violência e ódio contra as mulheres”.

O caso Klara Castanho

Após ter tido a intimidade devassada pelo colunista de fofocas do Metrópoles, Leo Dias, e a apresentadora, Antonia Fontenelle, a atriz Klara Castanho resolveu revelar o seu caso. Ela publicou neste sábado (25), uma comovente carta na sua conta do Instagram em que conta que foi estuprada e engravidou, mesmo tendo tomado pílula do dia seguinte. Ela diz que este foi "o relato mais difícil da minha vida", e explicou que não queria tornar o assunto público, mas já que a adoção foi exposta, ela resolveu se pronunciar.

Aborto legal realizado

O Ministério Público Federal (MPF) divulgou uma nota, nesta quinta-feira (23), para informar que o procedimento de interrupção da gravidez da menina de 11 anos, estuprada em Santa Catarina, foi realizado.

A intervenção ocorreu nesta quarta (22), no Hospital Universitário (HU) Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Relembre o caso

A menina de 11 anos estava sendo mantida pela justiça de Santa Catarina em um abrigo durante mais de um mês para evitar que fizesse um aborto legal.

A mãe levou a menina para um hospital para realizar o procedimento, mas a equipe médica se negou pois, segundo eles, o aborto só é permitido até 20 semanas de gravidez. A menina estava com 22 semanas e dois dias. Porém, a legislação permite.

O hospital segui decisão da juíza Joana Ribeiro Zimmer. “Situação que deve ser avaliada como forma não só de protegê-la, mas de proteger o bebê em gestação, se houver viabilidade de vida extrauterina”, escreveu a juíza.

“Os riscos são inerentes à uma gestação nesta idade e não há, até o momento, risco de morte materna”, destacou Joana em sua decisão, repetindo a avaliação de um laudo médico do hospital emitido em 5 de maio.