O Colégio Sagrado Coração de Maria, instituição particular de ensino localizada em Vitória (ES), emitiu um comunicado aos estudantes no dia 28 de janeiro onde estabelece algumas regras para o uso do uniforme escolar. Uma delas gerou controvérsia entre os alunos, mães e pais: meninas só poderão usar shorts a partir do 6º ano e especificamente na aula de educação física, enquanto para os garotos não há restrição.
A instituição não explicou o motivo da mudança para os pais e alunos. Alguns responsáveis pelos estudantes questionam a medida e a classificam como "machista".
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"Os meninos podem usar bermudas e as meninas são obrigadas a ficar de calça, sem outra opção para o calor da cidade que vivemos. Minha filha ficou revoltada com isso. Mas regras são regras", declarou um pai, que não quis se identificar, ao G1.
Inconformados, mães e pais dos estudantes da escola encaminharam uma carta à direção e pediram que a medida seja revista.
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"Nós, mães e pais de alunos matriculados no Sagrado, solicitamos, respeitosamente, que a instituição nos atenda na demanda de inclusão nas vestimentas femininas de short ou bermuda, a exemplo do que é disponibilizado aos alunos do sexo masculino. [...] Vale ressaltar que a demanda atende ao bem-estar das estudantes, bem como promove de forma educativa o respeito à igualdade de gênero, os valores Cristãos de não diferenciação entre meninas e meninos, a isonomia. Essa diferenciação sexista afeta o psicológico das crianças e adolescentes, e isso se opõe à construção de uma sociedade mais justa e fraterna, indo totalmente contra as diretrizes e condutas até hoje presenciadas no Sagrado Coração de Maria", diz um trecho da carta.
Após a pressão das mães e pais, a escola anunciou nesta terça-feira (15) que as meninas poderão usar a calça corsário, que cobre da cintura até abaixo do joelho. Os meninos poderão continuar a suar shorts em qualquer série e ocasião.
A mãe de uma aluna declarou que a escola perde uma oportunidade para falar sobre o respeito entre os garotos e as garotas.
"Olha a oportunidade que a gente tem aqui de ensinar para os meninos que não é aceitável qualquer tipo de comentário sobre o corpo das meninas. Não é porque a menina está com a roupa curta que isso automaticamente habilita, autoriza o menino a mexer com o corpo dela. As meninas que acabam sendo penalizadas por conta disso”, declararam a mãe que considera a decisão como parte do machismo estrutural no Brasil.
"Para mim é uma regra que só reforça o machismo estrutural que existe na sociedade e que ainda traz tantos problemas e limitações para as mulheres. Eu penso em tirar minha filha de lá se essa regra não for revista", disse.
Em nota, o Colégio Sagrado Coração de Maria declarou que realizou uma reunião com as mães e pais, mas não explicou as restrições impostas ao uniforme das meninas.
"A diretora do Colégio Sagrado Coração de Maria de Vitória se reuniu com o grupo de pais, na tarde de ontem (15/02), para conversarem sobre a demanda das famílias, visando compreender a solicitação e buscar um consenso. Uma das premissas do Colégio Sagrado Coração de Maria de Vitória é manter um canal de diálogo aberto, respeitoso e fraterno com as famílias, promovendo melhorias e adequações sempre que possível. Em comum acordo, foi decidido adotar para 2022, como uniforme escolar feminino, a calça corsário (tactel), que está disponível para compra nas lojas credenciadas", diz a nota da escola.
Com informações do G1