Uma série de assédios a estudantes do Centro de Ensino Médio 9 (CEM9) é investigada pela Polícia Civil no Distrito Federal. O autor dos crimes seria o coordenador do colégio localizado na Ceilândia. A denúncia é das alunas, ao menos 20 adolescentes teriam sido vítimas das investidas do abusador.
Pedindo para não serem identificadas, algumas delas relataram as ações do coordenador ao portal Metrópoles. As jovens acusam o funcionário da escola de cometer assédios pessoalmente e de proferir "comentários inapropriados" nas redes sociais. De acordo com os relatos, quando as estudantes procuravam auxílio na secretaria o homem “aproveitava” para praticar os abusos, sempre em forma de “brincadeiras”. Iniciando com frases leves, as conversas iam se tornando aos poucos comentários “maliciosos”, inclusive sobre o corpo das alunas.
Te podría interesar
Comentários inapropriados
A ousadia do acusado não se limita à interação direta com as alunas, permitindo que ele comente sobre atributos físicos das menores inclusive com outras pessoas. “Certo dia, uma amiga minha foi até a sala do coordenador pegar uma calculadora e eu fiquei esperando a alguns metros da porta. Nessa hora, ele virou para essa minha colega é disse ‘nossa, como aquela sua amiga tem uma bunda grande e bonita’. Assustada, obviamente minha amiga me falou’”, relatou uma das vítimas.
A estudante ainda tentou tirar satisfação, mas não conseguiu constranger o homem, que insistiu no assédio. “Eu fiquei irritada e passei a olhar para ele com muita indignação. Um tempo depois, ainda no mesmo dia, ele me chamou em sua sala, perguntou se minha amiga tinha falado algo e então soltou: ‘Falei porque, olha, eu nunca tinha visto algo assim antes’, se referindo às minhas nádegas. Me senti desrespeitada, coagida e com medo”, detalhou a adolescente.
Te podría interesar
Denúncia
Uma das alunas chegou a organizar um grupo de meninas que se sentiam agredidas para procurar a direção da instituição. Ela diz que tinha medo que algo mais sério acontecesse, então incentivou a denúncia. De acordo ela, o frupo ficou cerca de 40 minutos relatando os diversos casos vividos ou testemunhados por cada uma delas.
“Depois que detalhamos tudo, a nossa diretora perguntou porque demoramos para falar sobre o assunto. Respondemos, então, que tínhamos medo de não acreditarem na gente. Por fim, contamos o que aconteceu com outras meninas, a diretora as chamou e todas passaram a narrar o que o coordenador havia feito. Foi aí que viram o tamanho do problema. Ao menos 20 meninas disseram ter passado pelo mesmo”, contou a jovem.
Postura da escola
Entretanto, apesar da postura inicial aparentemente acolhedora em relação à grave denúncia apresentada, posteriormente a escola orientou que o assunto não fosse mais comentado, pois “fofocas deveriam ser evitadas”.
Diante da postura da direção, uma das alunas afirmou que é triste o fato das mulheres não poderem confiar em ninguém para tratar de temas como este e completou que “A escola deveria ser um lugar de exemplo”. Indignada, a estudante diz que a escola tem mais preocupação em “deixar o colégio com o nome limpo do que ajudar as alunas”.
Sem apoio dentro do colégio, uma das adolescentes decidiu registrar boletim de ocorrência junto à II Delegacia Especial da Mulher, que investiga o caso. “Apenas queremos justiça”, desabafou.
Preocupação
Com a movimentação, alguns pais tomaram conhecimento das acusações. A mãe de um aluno, que também preferiu não se identificar, classifica a situação como absurda. “É um absurdo. O caso precisa ser investigado, sim. Isso não pode passar em branco. Esse homem é um tirano. Certa vez precisei ir à escola após ele bater no peito do meu filho e quase rasgando a blusa de frio que ele usava para ver o uniforme”, relatou.
A mulher ainda disse que está preocupada com o ocorrido com as meninas. “Isso é muito sério. Em breve minha filha será encaminhada ao CEM 9 e eu fico com medo de algo do tipo acontecer com ela também. É grave demais o que está acontecendo nesse colégio. Um absurdo que não pode ser normalizado”, declarou.
De acordo com a reportagem, o portal Metrópoles “tentou contato com a direção do Centro de Ensino Médio 9 (CEM9) por telefone, por meio das redes sociais e pelo e-mail institucional, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. A reportagem também procurou a Secretaria de Educação, mas a pasta não havia emitido nenhum parecer quanto às graves denúncias”.