"Pela primeira vez na vida pensei em desistir", diz Manuela d'Ávilla sobre ataque de ex em debate

Candidata derrotada à prefeitura de Porto Alegre, Manuela d'Ávilla organizou livro sobre violência política de gênero, que teria ganhado dimensão após golpe contra Dilma Rousseff. "Não dá para esquecer o que aconteceu, pensar que fizeram adesivo dela com as pernas abertas, uma senhora da idade da minha mãe"

Manuela d'Ávilla e Rodrigo Maroni durante debate em 2020 (Montagem)
Manuela d'Ávilla e Rodrigo Maroni durante debate em 2020 (Montagem)
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Organizadora do livro "Sempre foi sobre nós" (ed. Instituto E Se Fosse Você?), sobre violência política de gênero, que será lançado no próximo dia 8 de março, Manuela d'Ávilla contou em entrevista ao portal Universa, do Uol, nesta segunda-feira (1º) que pela primeira vez pensou em desistir de uma campanha política ao ser atacada em um debate pelo ex-namorado, Rodrigo Maroni (Republicanos), ainda durante o primeiro turno das eleições à prefeitura de Porto Alegre em 2020.

Segundo Manuela, essa foi a pior situação de violência política de gênero que sofreu, superando até mesmo os ataques durante a campanha eleitoral de 2018, quando concorreu como vice-presidenta na chapa encabeçada por Fernando Haddad (PT).

"A pior foi a noite depois do último debate do primeiro turno. Eu estava muito chocada, mas o maior choque foram os homens que silenciaram diante da violência contra mim. Enfrentei o bolsonarismo em Porto Alegre, era a única mulher de esquerda que poderia governar uma capital, virei o alvo prioritário. Estou falando de um debate, mas foram dez, em uma campanha de um ex-namorado com ataques pessoais e silêncio cúmplice de outros candidatos. Pela primeira vez na vida pensei em desistir no meio de uma campanha", afirmou.

Manu conta que o livro ainda traz a narrativa da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) que, segundo ela foi vítima também de violência política de gênero durante o golpe de 2016.

"O início da dimensão que passamos a ter sobre violência política de gênero é o impeachment. Não dá para esquecer o que aconteceu, pensar que fizeram adesivo dela com as pernas abertas, uma senhora da idade da minha mãe. Não acho que o golpe foi por gênero, mas a forma como o processo foi construído tem a ver com isso", diz.

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