Deputadas do PSOL são obrigadas a explicar o óbvio: licença-maternidade não é falta

"Maternar é um ato político e lutamos para que esse nosso direito seja respeitado e garantido", diz Talíria Petrone

As deputadas Talíria Petrone e Áurea Carolina grávidas em 2020 (Foto: Reprodução/Instagram)
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As deputadas federais Talíria Petrone (RJ) e Áurea Carolina (MG), ambas do PSOL, foram surpreendidas ao serem apontadas como as menos assíduas na Câmara nesta sexta-feira (29). A coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, trazia dados dos deputados que mais tinham faltado em sessões plenárias de 2020. Segundo a matéria, o candidato bolsonarista à presidência da Câmara Arthur Lira (PP-AL) seria o quarto parlamentar em número de faltas, à frente somente das deputadas do PSOL e da tucana Edna Henrique. O que faltou dizer é que Talíria e Áurea estiveram em licença-maternidade no ano passado.

“A nota divulgada ignora o fato de que em 2020 tivemos filhos e, por isso, estivemos de licença-maternidade por 120 dias. De 27/05 a 25/10 exerci um direito legítimo previsto em Lei, que é o de poder me dedicar exclusivamente à minha filha nos seus primeiros meses de vida”, escreveu Talíria no Twitter. “É urgente que o nosso direito de conciliar maternidade e política seja pautado de forma politizada, para que não haja distorções como essa. É inaceitável que o próprio site da Câmara não diferencie faltas de licença-maternidade. Maternar é um ato político e lutamos para que esse nosso direito seja respeitado e garantido. Licença-maternidade não é falta, é direito e cuidado”, completou.

A deputada Áurea Carolina explicou que o Portal da Câmara não faz distinção entre faltas e licença-maternidade. “Isso provoca não só desinformação, mas também o apagamento de direitos duramente conquistados pelas que vieram antes de nós”, destacou ele, também na rede social. “Já solicitamos que a publicização de ausências justificadas, com diferenciação de motivo médico e licença-maternidade, passe a ser adotada pelos instrumentos de transparência. Estive de licença-maternidade entre 4/2 e 4/7 de 2020.”

Neste sábado (30), a coluna de Lauro Jardim foi atualizada com a informação corrigida de que as duas não tiveram faltas injustificadas, depois que as deputadas explicaram o óbvio.

"É vergonhoso que O Globo mencione duas - que estiveram em licença -maternidade como 'faltosas'. Mas não espanta essa mentalidade. Afinal, um jornal que apoiou a reforma trabalhista de Temer deve ser contra os direitos das mães”, afirmou o presidente do PSOL, Juliano Medeiros. “Uma tremenda ‘fake news’ publicada num grande jornal.”