Uma comissão de especialistas da área de Procedimentos Especiais da Organização da ONU (Organização das Nações Unidas) publicou comunicado nesta segunda-feira (24) recomendando ao Chile retirar as acusações criminais contra o coletivo feminista LasTesis.
O processo judicial contra as feministas foi iniciado em dezembro de 2019, semanas depois de elas lançarem a performance “Um estuprador em seu caminho”, que se tornou sucesso e foi reproduzida não só em todo o Chile como em centenas de cidades do mundo, em versões traduzidas.
O documento da ONU afirma que “a diversidade de opiniões e expressões em suas diferentes formas, incluindo a arte feminista, é necessária em uma sociedade democrática. O Chile deve proteger a liberdade de expressão e expressão cultural porque essas liberdades contribuem para uma sociedade democrático”.
O coletivo LasTesis é formado por quatro feministas chilenas, moradoras da cidade de Valparaíso: Dafne Valdés, Paula Cometa, Sibila Sotomayor e Lea Cáceres. Elas são autoras da performance denuncia os abusos sexuais cometidos pela polícia chilena. O próprio título ironiza o slogan oficial da polícia militar chilena (“um amigo em seu caminho”) e o refrão não deixa dúvidas do discurso: “o Estado opressor é um macho estuprador”.
“O grupo e a música se tornaram um símbolo das demandas universais das mulheres e de que elas possam viver uma vida livre de violência”, comentaram os especialistas da ONU.
No entanto, no caso do Chile, esse Estado considerou que o protesto das feministas configura crime de “incitação à violência contra policiais”, razão pela qual as quatro ativistas poderiam ser condenadas com pena multa e até prisão.
“O Chile deve retirar a investigação criminal contra o grupo de defensores dos direitos humanos, cujas artes cênicas inspiraram mulheres em todo o mundo. A acusação contra LasTesis possa ter um efeito desencorajador sobre as mulheres que lutam por seus direitos”, recomendou o órgão da ONU a respeito do processo que elas sofrem. anunciaram em sua conta no Twitter.