ANÁLISE

FUP diz que dividendos altos e queda em investimentos da Petrobrás é "contradição"

Para coordenador da Federação, é preciso mudanças para avançar com transição energética e enfrentar volatilidade da geopolítica atual

Imagem Ilustrativa.Créditos: Fernando Frazão/Agência Brasil
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Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), comentou sobre os resultados da Petrobrás no primeiro trimestre de 2025 e afirmou que o crescimento de 33,6% nos investimentos totais da empresa em comparação com igual período do ano passado - que passaram de US$ 3 bilhões para US$ 4 bilhões - "demonstra o apetite da companhia em atuar em novas fronteiras exploratórias e manutenção da curva de produção e em ampliar sua eficiência operacional".

No entanto, ele defende que "é preciso avançar também em investimentos em novas rotas tecnológicas de baixo carbono, quesitos estratégicos que ficaram a desejar, visto que as inversões em gás e energia de baixo carbono caíram 48,9% nos últimos doze meses”. Para o coordenador, é urgente uma mudança política de distribuição de dividendos da empresa.

“Os R$ 11,7 bilhões de dividendos para acionistas anunciados pela empresa representam 33,3% do lucro líquido registrado no trimestre. Mas quando olhamos sua trajetória na gestão Magda Chambriard (entre 2T24 e 1T25), nota-se que o total de dividendos pagos, de R$ 74,1 bilhões, é 1,53 vezes superior ao lucro líquido auferido pela companhia no período, que foi de R$ 48,2 bilhões”, destaca Bacelar.

Risco

“Se por um lado é essencial que a companhia avance no sentido de sua eficiência operacional e geração de valor, a manutenção na distribuição de vultosos dividendos pode representar um risco para a garantia de investimentos de longo prazo necessários, em especial na transição energética, ou ainda para enfrentar a volatilidade de uma geopolítica global em transformação”, diz Bacelar.

Para o dirigente da FUP, o anúncio feito pela empresa de uma política de “austeridade” para projetos e custos deveria incluir também a remuneração de acionistas. “Os ajustes conjunturais não devem atingir investimentos e projetos estratégicos, tampouco significar uma redução das condições de saúde e segurança de seus trabalhadores”, afirma ele, referindo-se a duras negociações trabalhistas que vêm sendo travadas com a Petrobrás.

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