O Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), organização que agrega trabalhadores do setor elétrico de todo o país, realizou uma manifestação nesta quarta-feira (15), em frente do Ministério de Minas e Energia, em Brasília, exigindo a reestatização da Eletrobras e denunciando a continuidade de práticas bolsonaristas dentro do MME.
A manifestação contou com a participação de parlamentares, movimentos populares e entidades sindicais, além dos trabalhadores do setor.
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Foi cobrado posicionamento do ministro Alexandre Silveira para que reconduza a Eletrobras ao patrimônio público e garanta o controle acionário da empresa pelo Estado brasileiro. Também foi criticada a tentativa do ministro de indicar nomes ligados à privatização da empresa para cargos de confiança no MME.
Mauro Martinelli, porta-voz do coletivo, defende que Silveira deveria alinhar seu discurso com o presidente Lula (PT). O petista classificou recentemente a privatização da Eletrobras como “crime de lesa-pátria” e uma “quase bandidagem”. Martinelli também recordou que no dia 2 de janeiro Lula enviou um ofício ao Congresso Nacional no qual reafirmou seu compromisso em reconduzir a Eletrobras como um patrimônio do povo brasileiro.
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“A Eletrobras não pertence a uma empresa ou a um governo, ela pertence aos 210 milhões de habitantes do país. Cada usina, cada tijolo, cada linha de transmissão, cada parte é cobrada na conta de luz, mês a mês, de cada brasileiro. São 50 hidrelétricas, 70 mil quilômetros de linhas de transmissão e 350 subestações que pertencem à Eletrobras, que é do povo. Isso foi transferido para uma minoria de privilegiados e precisa ser reestatizado”, afirmou Gilberto Cervinski, coordenador nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que esteve presente na manifestação.
Para o dirigente, a privatização da Eletrobras traz uma série de impactos negativos para o conjunto da população, em especial o setor produtivo. O principal deles é a chamada descotização, uma alteração na política de preços que encarece a energia elétrica e deverá causar um tarifaço em nossas contas de luz nos próximos meses.
“Nosso estudo diz que no mínimo vamos ter um aumento médio para os consumidores de 25%, que é uma das [tarifas] mais altas. Isso vai aumentar a crise, vai gerar falência das empresas e desemprego em massa. O povo quer geração de emprego e não pagar uma conta de luz alta, que poderia ser bem mais baixa com a reestatização da Eletrobras”, explicou.
Já a deputada federal Erika Kokay (PT-DF) afirmou que o governo não irá medir esforços para devolver a Eletrobras ao povo. “Lutas pela reestatização da Eletrobras diz respeito a termos uma empresa que enfrenta as desigualdades regionais, que leva energia para todos os cantos deste país como sua missão”, declarou.
Por fim, o diretor da Associação dos Empregados de Furnas, Victor Costa, destacou o prejuízo milionário da Eletrobras referente ao 4º trimestre de 2022, apresentado pela empresa no último dia 13 em balanço financeiro. “Os trimestres da Eletrobras pós-privatização foram todos de prejuízo”, pontuou.
Em nota, o CNE apontou que o resultado negativo da empresa no pós-privatização seria apenas um dos muitos elementos que corroboram para a visão de que “esta foi uma privatização desastrosa para o país e não apenas para seus acionistas, que assistem o valor das ações cair vertiginosamente”. O grupo ainda anunciou que nos próximos dias será lançada no Congresso Nacional a Frente Parlamentar Mista em Defesa de Furnas. O objetivo é criar uma frente semelhante para cada empresa que compõe o sistema Eletrobras e outra específica sobre a reestatização.