A Unidade U2111 da Refinaria Isaac Sabbá (Reman), em Manaus, está paralisada desde o início desta semana por falta de petróleo. A interrupção acontece menos de um mês após a aprovação da venda da refinaria para o Grupo Atem, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A operação de venda da Reman havia sido contestada, em maio de 2022, pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás (Anapetro) e Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (Sindipetro-AM). A justificativa é que a privatização teria como consequência o monopólio na região e risco de problemas na produção.
“A parada por desabastecimento é prova da incompetência da atual gestão da Reman, além de ser mais uma consequência da venda da refinaria para o setor privado, comprovando os alertas feitos por nós ao longo dos últimos meses”, declarou Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.
A refinaria, que opera desde 2000 com capacidade de processamento de 7,3 milhões de litros de petróleo por dia, o que equivale a 46 mil barris a cada 24 horas, já se encontrava com a unidade UFCC paralisada. Com isso, apenas 3,4 mil barris/dia (7,4% da capacidade total) estavam sendo produzidos.
A parada da U2111, responsável pelo processamento do petróleo de Urucu, agrava ainda mais a situação, deixando em funcionamento apenas uma unidade na Reman, a U2110.
Atualmente, a Reman é responsável pelo suprimento da região Norte, produzindo principalmente GLP, nafta petroquímica, gasolina, querosene de aviação, óleo diesel, óleos combustíveis, óleo leve para turbina elétrica e óleo para geração de energia e asfalto.
Nova gestão da refinaria alega que houve problema com a balsa de transporte
A justificativa oficial da atual gestão da Reman para a nova interrupção é um problema com a balsa de transporte. “Após a paralisação forçada de uma unidade, priorizando as importações de gasolina e GLP, agora a Petrobrás justifica a falta de produto alegando um problema logístico. Isso nunca aconteceu antes. É um absurdo completo que precisa ser denunciado”, destacou Marcus Ribeiro, coordenador-geral do Sindipetro-AM.