INVESTIGAÇÃO

Entidades jornalísticas pedem audiência com governo sobre desaparecimentos na Amazônia

O objetivo é cobrar apuração a respeito do caso do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, que estão desaparecidos após ameaças

Dom Phillips e Bruno Pereira continuam desaparecidos.Créditos: Reprodução/Reprodução Redes Sociais
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Onze entidades e organizações ligadas à defesa do jornalismo divulgaram uma nota, nesta terça-feira (7). O objetivo é cobrar do governo apuração sobre o desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira, na Amazônia.

Jair Bolsonaro (PL) não parece muito preocupado com o caso, inclusive os responsabilizando pelo desaparecimento. Ele declarou, nesta terça, que os dois podem ter sido executados. 

“O que nós sabemos, até o momento, é que no meio do caminho teriam se encontrado com duas pessoas, que já estão detidas pela Polícia Federal, estão sendo investigadas. E realmente duas pessoas apenas num barco, numa região daquela, completamente selvagem, é uma aventura que não é recomendável que se faça. Tudo pode acontecer. Pode ser acidente, pode ser que eles tenham sido executados, a gente espera e pede a Deus para que sejam encontrados brevemente”, afirmou Bolsonaro ao SBT News. 

Veja a íntegra da nota:

Organizações dedicadas à proteção e defesa da liberdade de expressão e de imprensa no Brasil encaminharam, nesta terça-feira, 07.jun.2022, um pedido de audiência urgente com o governo brasileiro para discutir o desaparecimento do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira, no Vale do Javari, no Amazonas, que faz fronteira com o Peru.

No Dia Nacional da Liberdade de Imprensa, as entidades enviaram ofício aos ministros da Justiça e Segurança Pública, Anderson Gustavo Torres, e da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, expressando apreensão com as buscas lentas e a falta de informações sobre o caso.

O jornalista Dom Phillips é repórter investigativo e tem artigos publicados em jornais como The Guardian, Washington Post, New York Times e Intercept. Viajava com estrutura adequada e compatível com as necessidades, acompanhado de Bruno Araújo Pereira, indigenista que trabalha como coordenador regional da Funai em Atalaia do Norte e conhece a região.

Pereira, assim como a União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), recebeu ameaças de pescadores locais e participava de um projeto de vigilância de aldeias contra exploradores e narcotraficantes, numa área cobiçada por mineradoras e petroleiras.

O documento é assinado por 11 organizações: Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Associação dos Correspondentes da Imprensa Estrangeira no Brasil (ACIE), Associação de Jornalismo Digital, a qual o Portal Catarinas integra, Artigo 19, Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), Federação Nacional dos Jornalistas, Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Instituto Tornavoz, Instituto Vladimir Herzog, Intervozes e Repórteres sem Fronteiras.